quinta-feira, 13 de novembro de 2008

UM GRITO DE DESESPERO

UM GRITO DE DESESPERO
Pelo opróbio que representa, pelo humilhante que é, pela indignação que sinto, reproduzo a carta abaixo, sem mais comentários.
Não receberá tratamento de texto, porque não o precisa e acima de tudo nao o mereceria.
Peço que pensem, todos, todos nós, se foi para isto que quisemos uma coisa chamada DEMOCRACIA.
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Exmº Sr. Presidente da República
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V. Ex.ª não me conhece, sou apenas mais uma cidadã, esposa, mãe, portuguesa e trabalhadora. Sou esposa de um militar das Forças Armadas Portuguesas.
Nunca quis saber de politiquice, nem sou sensível a estas áreas que pouco ou nada me dizem.
Há cerca de um mês, uma situação tocou a minha sensibilidade feminina. Um colega do meu marido, um Sargento do quadro permanente das Forças Armadas, levava uma vida normal, numa família normal. Quis o destino que esse militar fosse operado a um cancro.
Heroicamente, como que a fazer jus ao seu espírito militar, rapidamente recuperou, após ter superado um ataque cardíaco e a morte de um familiar.
Poucos meses depois, veio o golpe fatal: à esposa, na casa dos 40 anos de idade, foi-lhe diagnosticado um cancro de difícil solução.
A vida normal, sem luxos que nunca tivera, nem privilégios apontados por quem ignora a realidade do que é ser militar, perdeu sentido.
O meu marido e outros colegas de trabalho, aperceberam-se que o infortunado Sargento no activo, não dispunha de 150 € para adquirir fraldas que contivessem a sua incontinência urinária. O choque emocional misturou-se à revolta pelo facto do Estado não apoiar um militar no activo, Sargento, que jurou defender a sua PÁTRIA mesmo com sacrifício da própria vida.
Num acto de sã camaradagem, descobriram o seu NIB e rapidamente entre todos, conseguiram fazer depósitos - donativo, caridade, como lhe queiram chamar - de modo a que não passasse privações imediatas nem ele, nem a esposa doente, nem os filhos em idade escolar.
O célebre sistema de apoio à doença dos militares (ADM), que alguns ou porque desconhecem ou porque são maldosos, dizem ser uma regalia e um privilégio, está a dever as comparticipações a este Sargento, no activo, desde Março, forçando-o a passar cheques pré-datados que são aceites, graças ao facto de ser conhecido na sua localidade como pessoa de bem, honesta e trabalhadora.
Sr. Presidente da República, V. Ex.ª é a única esperança neste país onde se perdeu a esperança nos políticos, pois que poucos são os que os levam a sério.
Sr. Presidente da República, V. Exª é o Comandante Supremo das Forças Armadas e decerto que saberá tomar uma decisão que o legitime perante os seus homens como tal.
É revoltante ver os militares continuarem a ser achincalhados, ignorados, usados e terem de recorrer à caridade entre eles próprios.
Sr. Presidente da República, não seria mais digno, mais honesto, acabar com as Forças Armadas?Mal vai um país onde o poder político ignora as suas forças armadas, não as defende, faz discursos de circunstância e deixa-as na realidade ao abandono.
Será legítimo esperar que esses militares que entregaram o poder aos civis e que pacientemente vêem tantos desmandos, fiquem calados e quietos?quero acreditar que V. Exª será o catalizador da esperança, da resolução imediata de problemas gravíssimos que os militares estão a passar, como dificuldades, cortes na comida, cortes em tratamentos, atirando-os para o abismo do desespero...
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Maria Antónia Freitas(Leiria)
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(In Liberdade e Cidadania)
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