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Nuno Amaral, deputado socialista da Assembleia Legislativa Regional dos Açores questiona os gastos com a actividade quotidiana dos 52 deputados, pertencentes ao PS, ao PSD e ao CDS/PP.Esta interrogação não teria o mesmo significado se proviesse de um bloguista ou de um qualquer comentador político, mas tem o peso muito significativo de vir de dentro do partido e constar de uma carta ao líder da Comissão para a Reforma do Parlamento.
-Nuno Amaral, deputado socialista da Assembleia Legislativa Regional dos Açores questiona os gastos com a actividade quotidiana dos 52 deputados, pertencentes ao PS, ao PSD e ao CDS/PP.Esta interrogação não teria o mesmo significado se proviesse de um bloguista ou de um qualquer comentador político, mas tem o peso muito significativo de vir de dentro do partido e constar de uma carta ao líder da Comissão para a Reforma do Parlamento.
O sistema deve entrar em autocrítica! Os dinheiros públicos exigem seriedade, rigor e prudência na sua utilização, pelo que esta atitude de Nuno Amaral merece ser destacada como homenagem pública nos órgãos de comunicação social não condicionados pelo Poder. Essa publicitação deve ser superior à dada à Maddie, ou à Flavia em coma, ou à funcionária incapaz a quem é negada a reforma.
-A sua curiosidade incide principalmente no montante das verbas que a Assembleia despende com a realização de plenários parlamentares, no que diz respeito a ajudas de custo com deputados e jornalistas, contas de hotéis, de transportes e, entre outras coisas, relativas até a funcionários.Pede também explicações sobre as despesas que o parlamento açoriano assume com o trabalho complementar desenvolvido por si e pelos seus pares.
-É o caso das jornadas parlamentares (de cada partido) que decorram em ilhas como São Jorge; é o caso da audição de membros do Governo Regional no Faial, a ilha-sede da Assembleia, por todas as comissões parlamentares antes da discussão em plenário dos Planos e Orçamentos do Executivo; é ainda o caso da verba gasta quando a Comissão de Assuntos Sociais reúne na ilha Terceira; e finalmente quando as comissões de Política Geral e de Ambiente e Trabalho reúnem em Ponta Delgada.E justifica a sua posição escrevendo "apresento alguns pontos que gostaria de ver respondidos para poder decidir em consciência, independentemente de vir a ser a ovelha tresmalhada do PS ou da Comissão, mas é assim que sei estar quando estão em causa dinheiros públicos".
-A reacção do presidente da Comissão para a Reforma do Parlamento, deputado Pedro Gomes, destinatário da carta, afirmou que as declarações de Nuno Amaral "são infelizes, deselegantes e não correspondem à verdade", o que são palavras esperadas, politicamente correctas e oportunas! Palavras de político, em defesa da carreira!!!Este exemplo de honestidade de Nuno Amaral, devia ser praticado em todos os organismos do Estado e das autarquias, através de uma análise cuidada dos gastos, e em consequência, serem feitos os cortes e reajustamentos convenientes, fazer a lipoaspiração dos organismos públicos, da máquina do Estado.
-Mas Nuno Amaral não é a única voz crítica no interior do partido. Também o ex-secretário-geral socialista, Ferro Rodrigues, quebrou o silêncio três anos depois de se ter demitido da liderança do partido, numa entrevista com críticas ao PS e ao Governo.Segundo ele, "pedem-se sacrifícios a uma parte importante da classe média e a uma determinada geração, que tem entre 45 e 65 anos. Se esses sacrifícios são pedidos, é indispensável que isso se faça com menos arrogância e mais humildade".
-O «show-off» não convence pois, "mesmo que fizesse números de trapézio, o que interessa (...) é o que o Governo faz". A isto, Vitalino Canas, em estilo semelhante ao de Pedro Gomes, alega que "não existe arrogância. Há é medidas e reformas que são inevitáveis".
-Também o deputado Manuel Alegre considera que políticas como as de encerramento de unidades de saúde, deveriam ser "repensadas".
-Efectivamente, está a impor-se com urgência uma autocrítica ao regime.
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In Do Mirante, 04-01-08
3 comentários:
A forma mais simples de parar a tragédia sócretina seria a partir de dentro do próprio partido socialista. Infelizmente só duas ou três vozes se manifestam, não há nada como estar do lado do poder!
Continuo a perguntar: quantos socialistas ainda haverá no partido socialista?
Caro Compadre,
Ainda bem que achou esta minha «redacção» aproveitável para os leitores do seu interessante blog.
Como diz Pata Negr, a melhor solução seria o Partido renovar-se por dentro sem esperar pressões estranhas. Mas quando um partido está no fofo das cadeiras do Poder não tem muita disposição para a autocrítica positiva, pois vive ufano e embriagado com a situação de privilégio em que se encontra e procura sacar o máximo de benefícios para si e para os amigos, com vista à futura troca de favores e de tachos. Faz parte das fraquezas humanas, mas seria de esperar que os governantes não fossem tão susceptíveis de lhes sucumbir!
No entanto, também se pode compreender o aparecimento de vozes críticas dos moralmente mais válidos. Uma das motivações dos ditadores é a ambição do Poder, a vaidade ofuscante que os inebria, os embriaga. O poder é uma droga terrível. E, quando se pretende viver em democracia, as pessoas não gostam de ser tratadas por um ditador como seres diminuídos, inferiores à suprema sabedoria de um vaidoso. Daí aquilo que as notícias começam a trazer à luz. Um comentador, António Delgado, colocou noutro blog o seguinte:
O preclaro Jorge Coelho ao Diário Económica disse: " Os portugueses passaram sacrifícios, deram o benefício da dúvida. Agora preparem-se para estender a mão e receber o retorno desses sacrifícios" In Frases de Ontem, Publico 4/6/2008. COMO SE VÊ ESTÃO TODOS EM SINTONIA
Isto é mais uma notícia para ir completando o puzzle. E o povo que se lixe!
Abraços
Levanta-se aqui uma importante questão para a qual, até hoje, não enconteri resposta: como se renovam partidos sem que, feita a mudança de dirigentes, eles logo não se fechem novamente?
Para quem acreditou em Manuel Alegre (e eu não), vejam o que ele fez... um milhão de votos, como ele muito bem gosta de dizer quando lhe dá jeito, mas aos costumes disse nada. E sair do conforto da vice-presidência parlamentar, está quieto!
Triste, triste... o que verdadeiramente nos falta são pessoas com autoridade moral quanto baste...
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