segunda-feira, 10 de março de 2008

Ministério "contra" a Agricultura

Serpa: Agricultores acusam Governo de "comprometer" negócios ao recusar apoios à electrificação rural
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A Associação de Agricultores de Serpa acusou hoje o Ministério da Agricultura de "comprometer" muitos negócios instalados na serra daquele concelho ao recusar apoios a 117 projectos de electrificação rural, que há sete anos esperavam aprovação.
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"É lamentável que o ministério tenha levado sete anos a responder, para, no final, recusar apoios aos 117 projectos de electrificação apresentados, alegando falta de verbas", disse hoje à agência Lusa Diogo Morgado, da Associação de Agricultores do Concelho de Serpa (AACS).
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A decisão do Ministério da Agricultura "compromete muitos negócios instalados em 78 mil hectares na Serra de Serpa e por onde, em pleno século XXI, não passa um único fio de electricidade", alertou o responsável.
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"São sobretudo explorações agrícolas, algumas com olival de rega, outras com gado e salas de ordenha, e queijarias, que dificilmente vão poder continuar a funcionar com recurso a geradores a gasóleo", explicou Diogo Morgado.
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Como exemplo, o responsável citou o caso de "uma queijaria que funciona com quatro geradores, que trabalham 24 horas por dia e gastam cerca de cinco mil euros de gasóleo por mês".
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De acordo com Diogo Morgado, nos 78 mil hectares sem electricidade na Serra de Serpa havia 265 intenções de projectos de electrificação, mas só 117 é que avançaram.
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"As pessoas fizeram os projectos de electrificação e, em 2001, os 117 projectos foram apresentados ao Ministério da Agricultura, para conseguir ajuda financeira, através do anterior quadro comunitário de apoio", explicou.
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Desde então, "o Ministério da Agricultura enviou várias cartas a informar as pessoas de que os projectos estavam em processo de avaliação".
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"Agora, passados sete anos, o Ministério da Agricultura enviou uma carta final a informar as pessoas que os projectos não foram aprovados, por falta de verbas, e sugerindo para apresentarem novas candidaturas em 2012", disse Diogo Morgado.
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"As pessoas vão ter que esperar mais quatro anos? Será que já não basta os sete anos de espera?", questionou o responsável.
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Diogo Morgado citou também o caso de nove pessoas que, seguindo o "conselho" da Direcção Regional de Agricultura do Alentejo, que "dizia que os projectos colectivos de electrificação seriam mais fáceis de aprovar", "associaram-se num projecto colectivo e gastaram 29 mil euros, para tudo ficar em águas de bacalhau".
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"A AACS vai avançar com uma queixa-crime em Bruxelas contra o Estado português", adiantou Diogo Morgado, referindo que "as pessoas querem saber porque é que o Ministério da Agricultura levou tanto tempo a apreciar os projectos e o que fez com as verbas previstas no anterior quadro comunitário de apoio para financiar projectos de electrificação".
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"Em Serpa não foram gastas de certeza", afirmou, frisando que, "desde 1997, não foi executado nenhum projecto de electrificação no concelho com ajudas comunitárias".
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"Só queremos que os 117 projectos candidatados sejam apoiados para poderem avançar", disse, explicando que, "segundo a EDP, quando estes projectos tiverem electricidade instalada, será mais fácil e mais barato fazer puxadas para outros projectos".
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"O Estado quer que as pessoas continuem a viver e a trabalhar no mundo rural para combater a desertificação, mas como é que isso é possível sem electricidade?", questionou Diogo Morgado, referindo que, "em todo o Alentejo, existem 1.300 projectos de electrificação rural sem apoios comunitários". (RTP)
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Nota do Papa Açordas: Já alguma vez este governo e o respectivo ministério estiveram com a agricultura portuguesa? Não! Estiveram sempre de costas voltadas, e estes projectos não foram aprovados, não por falta de financiamento comunitário, mas sim por falta da contribuição portuguesa!!! Foi mais uma medida economicista que tantos fundos comunitários tem feito perder...Oxalá os agricultores portugueses saibam dar a resposta na altura certa...

2 comentários:

Tiago R Cardoso disse...

Pior de que não ter contacto com a agricultura é não fazer ideia sequer do que seja.
Mais uma vez um tremendo erro de "casting" na escolha de ministro.

Abrenúncio disse...

Depois vêm falar em combater a desrtificação do interior e das zonas rurais! PQOP!
Saudações do Marreta.