sábado, 15 de março de 2008

Alegre recusa celebrar três anos de governo


Alegre recusa celebrar três anos de Governo
Alegre diz que manifestações "ultrapassam PC"
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Manuel Alegre considera que a contestação social "ultrapassa em muito" as mobilizações partidária e reflecte um "mal-estar muito mais profundo" do que se imagina.
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"Os aparelhos partidários não conseguem perceber o que se passa com as pessoas. Isto [as manifestações] ultrapassa muito os partidos. Vai muito além do PCP", diz o ex-candidato presidencial . Que acrescenta uma frase enigmática, podendo querer dizer que no seu entender há espaço para representar quem hoje não se sente representado: "O que eu sei é que a política, como a natureza, tem horror ao vazio."
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Ou por outras palavras: "As pessoas que hoje vão às manifestações não estão satisfeitas nem com o Governo nem com a oposição."
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Hoje Manuel Alegre faltará ao comício com que, no Porto, o PS celebrará três anos do seu governo. Não explica a ausência ("não tenho que dar explicações"). Mas contesta vivamente quem considera que o actual momento político está bipolarizado entre o PS e o Governo, por um lado, e o PCP e os sindicatos, por outro. "Isso é redutor, é uma visão redutora alimentada por alguns políticos e por alguns jornalistas".
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Foi Vital Moreira, o mais militante dos apoiantes independentes do PS, quem, no seu blogue, Causa Nossa, ressuscitou o fantasma do confrontos entre o PS e o PCP nos anos idos do Período Revolucionário Em Curso (vulgo, PREC): "Não creio que [para o PS] seja inevitável, nem sequer desejável, desencadear um 'confronto com o PCP' à maneira de 1975."
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Alegre contesta esta visão e sublinha que "quem diz isso não sabe o que diz". "O PREC [Período Revolucionário em Curso] foi um momento revolucionário. Quando havia uma manifestação com cem mil convocávamos outra com outros cem mil. Ou mais. Não é isto."
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Falando ao DN, o politólogo António Costa Pinto também contestou que o momento político seja uma espécie de regresso ao passado do PREC. Por isso censura o discurso de "estigmatização do PCP" que, no seu entender, tem vindo a ser "alimentado por algumas elites do PS".
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Para o politólogo, a iniciativa de um comício organizado pelo PS para celebrar os três anos de Governo é errada. "Concordo com quem diz que é muito defensiva", diz, acrescentando que "o eleitorado do PS não é muito sensível à ideia" de comícios. De acordo com o mesmo opinion-maker, o que o PS está a fazer é "alienar" votos à sua esquerda, sendo isso no seu entender "indispensável" se o objectivo for renovar a maioria absoluta em 2009. "Se o PS quiser a renovação da maioria absoluta vai ter de se reconciliar com o núcleo duro do seu eleitorado", afirmou.
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A ideia do PS de celebrar a governação com um comício - inicialmente esteve pensado um jantar, desmarcado porque coincidia no dia com a "marcha da indignação" dos professores - tem sido contestada pela ala esquerda do PS.
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Medeiros Ferreira, afastado nas últimas legislativas da Assembleia da República, disse no seu blogue (bichos-carpinteiros.blogspot.com) que o partido "fez mal em responder com um comício às manifestações de rua dos professores".
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Já no Diário Económico, Pedro Adão e Silva, ex-membro da direcção do PS no tempo de Ferro Rodrigues, admitia a sua "perplexidade" com a iniciativa. "No momento de mais intensa contestação de rua à sua acção, o Governo procure responder à rua com rua. (...) Só pode ser vista como sinal de alguma desorientação". No artigo, o ex-dirigente argumentou que só em momentos excepcionais o PS foi um partido de massas. (Diário de Notícias)
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Nota do Papa Açordas: O sr.Sócrates andou mal ao responder com um comício de 10.000 militantes, à espectacular manifestação de 100.000 professores. Caiu mesmo no ridículo e, ao mesmo tempo, "alienou" ainda mais votos à sua esquerda, segundo opinião do politólogo António Costa Pinto. Triste figura...

2 comentários:

Pata Negra disse...

O PS nunca foi um partido de massas, o PS foi o que foi mas agora reduz-se a Sócrates, já não existe PS, existe Sócrates! O PC para ser um partido de massas precisava de massa! O PSD foi comido por Sócrates!
Esta história de que onde há manifestação de desagrado está o PC, já vem do tempo de Salazar, estou farto dela!
A manifestação de 8 de Março não é propriedade de ninguém, é um gesto de indignação contra o estado das coisas, contra a partidocracia. Se não querem ver, ainda bem, mais difícil será minarem a sua autenticidade! Podem continuar a ganhar eleições mas o povo, esse, perderam-no!
De momento a palavra de ordem só pode ser: PS nunca mais!

Abrenúncio disse...

O que me chateia é que o povo que não se revê nesta alternância democrática PS-PSD, quando chega às urnas, acabe sempre por lá deixar o seu votinho naquele que ocasionalmente julga o menos mau e que depois passe a legislatura toda a contestar aquilo de que parcialmente também é culpado.
Saudações do Marreta.