segunda-feira, 10 de março de 2008

Desnorte total!


Desnorte total!
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Santos Silva adora o papel de ideólogo ao serviço das políticas de direita. A propósito de tudo e de nada mete a colherada e teoriza sobre as fronteiras entre a esquerda e a direita. Dá-lhe gozo subir a escadaria parlamentar, puxar do léxico académico, citar metáforas doutorais e convocar a retórica em socorro do imaginário esquerdismo das políticas do seu governo. É o académico travestido em político que se deleita a disfarçar a vida e as consequências dramáticas das suas políticas. Este é o retrato robot de Santos Silva, ministro da propaganda, retrato de um homem que abusa da metáfora para se reclamar de esquerda, esquecendo que o que verdadeiramente distingue as políticas são os interesses que servem e quem delas beneficia.
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Sendo uma espécie de estereótipo político, era também expectável que fosse dos primeiros a vergar perante as ondas de choque de oposição ao seu Governo. É sempre assim, quem mais usa a retórica como máscara mais depressa a deixa cair quando se tornam evidentes as consequências negativas das suas políticas. Foi o que lhe sucedeu, sobretudo depois do Governo ter julgado que a contestação popular seria estancada com a mudança de caras na Saúde. Ao contrário do imaginado, a oposição alargou-se e converteu-se num gigantesco protesto na educação, área onde o autoritarismo impera desde o início da legislatura. O desnorte instalou-se no núcleo duro de José Sócrates, a falta de discernimento começou a tocar de forma mais marcante os seus principais arautos, a começar por Santos Silva.
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O espectro avassalador de dezenas de milhares de professores nas ruas de Lisboa foi a gota de água em direcção à desorientação generalizada. Valeu tudo para tentar impedir e intimidar, desde a cegueira de ver comunistas em todo o lado até à ordem - igualmente fascizante - para indagar nas escolas o número de aderentes. Era, porém, tarde demais, nada seria já capaz de suster a torrente de protesto de uma classe profissional profundamente espezinhada por José Sócrates.
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Foi sem surpresa que se assistiu ao desespero completo tomar conta de Santos Silva, fazendo-lhe cair a máscara com fragor. Insultou os comunistas e os democratas portugueses. O país sabe há muito, e muito bem, quem mais lutou e sofreu - com a prisão e a própria vida - pela liberdade em Portugal. Mas no sábado, o que o país não sabia e ficou a saber foi que Santos Silva nunca lá esteve, na luta contra Salazar e pela Democracia. Mas se tivesse querido, e tivesse tido coragem, até já tinha boa idade para se ter dado por ele... (Honório Novo - Jornal de Notícias)
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Nota do Papa Açordas: Um excelente artigo do deputado do PCP, Honório Novo, sobre a figura burlesca de Santos Silva. Este ministro faz-me lembrar o ministro da propaganda de Sadam Hussein, quando, anunciava êxitos militares e os tanques americanos entravam em Bagdad...

1 comentário:

Anónimo disse...

Ouvi a reacção do ministro na "Antena 1" ... fiquei siderado. E mais não digo.