sexta-feira, 25 de julho de 2008

"ASAE destrói legado que nos foi deixado"

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Xavier Malcata, distinguido nos EUA pela dedicação à segurança alimentar, diz que ASAE aplica directivas europeias de forma "cega"
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O júri da associação que elege o vencedor do "International Leadership Award" foi unânime a considerar, esta semana, o português como "um profissional possuidor de raras capacidades de trabalho, e como um detentor de excepcional dedicação". Para o cientista, que receberá formalmente o galardão a 6 de Agosto, nos Estados Unidos, a distinção equivale a "um prémio de carreira"
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A investigação de Xavier Malcata permite melhorar a qualidade dos produtos alimentares - ele dedica-se sobretudo aos tradicionais portugueses - e, consequentemente, assegurar a saúde pública. A premissa que sustenta o seu trabalho deveria cruzar-se com a lógica que pauta a acção da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) - "o que não acontece", lamenta.
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"A ASAE foi apresentada como sendo duas coisas: acção que fiscaliza e que faz avaliação do risco dos produtos para a saúde. Mas na prática a sua intervenção é essencialmente punitiva", critica. Neste sentido, a abordagem da equipa liderada por Malcata, não poderia ser mais distinta. "Ensinamos os produtores a trabalhar melhor: na produção e na conservação. Percebemos os produtos de forma racional, apuramos a qualidade, evitamos contaminações."
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A Escola de Biotecnologia já estudou, por exemplo, o queijo da Serra, a broa de Avintes, as alheiras de Trás-os-Montes, as bagaceiras de vinho verde branco - símbolos da cultura gastronómica do país. "Somos muitíssimo ricos a este nível. Temos a responsabilidade de preservar o legado que nos foi deixado", sublinha o cientista. "Infelizmente, a ASAE, com a aplicação cega das directivas europeias, está a destrui-lo, a condená-lo à morte". E sentencia: "Se conseguirem banir os nossos produtos tradicionais será uma hecatombe. Integrar a União Europeia não pode significar - tal como não significa noutros países, como a França - abdicarmos do que nos é característico". A cadeia, insiste, "está invertida. Antes da fiscalização deveria haver investigação, formação, análises de graus de risco e da população consumidora."
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Apesar disso, Xavier Malcata propõe soluções. A primeira passaria por um levantamento dos produtos, investigá-los (os que nunca foram estudados, implicariam dois anos de trabalho) e , finalmente, propor "excepções à lei devidamente consubstanciadas pela via científico-tecnológica". Ou seja, garantindo que "o risco dos produtos é aceitável".
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A proposta só poderia materializar-se com a aplicação de outra sugestão: criação de sinergias efectivas entre quem investiga e quem aplica a lei. "Como esta iniciativa não parte do Estado, a sociedade civil deveria organizar-se", sugere Malcata. (Jornal de Notícias)
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Notas do Papa Açordas: Em Portugal, andou sempre a carreta à frente dos bois. A ASAE entrou logo a matar, só queria multar, apresentar serviço ao patrão, pois, pensarão eles, quando mais resultados apresentarem, mais sobem na categoria...Nunca houve uma informação correcta ao comerciante ou industrial, primeira está a multa...
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