quinta-feira, 23 de abril de 2009

Dois Sócrates e um grande vómito

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«Comecemos por uma mensagem que anda aí a circular pela Internet.
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"Os donos do capital vão estimular a classe trabalhadora a comprar bens caros, casas e tecnologia, fazendo-os dever cada vez mais, até que se torne insuportável.. O débito não pago levará os bancos à falência, que terão que ser nacionalizados pelo Estado"
Quem escreveu isto – e quando? Foi um senhor chamado Karl Marx, em 1867, na sua obra O Capital. Não faço comentários. Nem preciso.
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Agora passemos à nossa trágica vidinha doméstica. À vidinha que levamos neste lixeira, nesta espelunca, neste pocilga, neste pântano ou, como disse Carlos Queiroz, «neste local mal frequentado», entregue a pedófilos, a corruptos, ladrões, a oportunistas de toda a espécie. Local onde se fazem fortunas inexplicáveis, impossíveis – como, por exemplo, a de um pequeno boy socialista, chamado Mesquita Machado – e tudo fica na mesma, numa impunidade imprópria de uma democracia e, até, de certas ditaduras com alguma vergonha na cara.
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Voltemos a este lodaçal onde, finalmente, apareceu um político que se atreve a contrariar um «engenheiro» feito à pressa, licenciado ao domingo, metido em várias outras trapalhadas, bem maiores que aquelas que levaram Sampaio a pôr Santana na rua. «Engenheiro» que é primeiro-ministro, governando com maioria absoluta, em nome da esquerda e ao serviço da direita, que controla grande parte dos órgãos de comunicação social, que mente com todos os dentes – e todos os dias – mas que, segundo parece, continua a contar com vasto apoio popular. Estou a falar do «engenheiro» José Sócrates, como já perceberam.
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E quem é o atrevido que ousa enfrentá-lo e garante ir fazer o que ele não fez? Inverter as suas políticas e transformar o país, afirmando mesmo que vêm aí tempos de mudança? Nada mais, nada menos que um tal José Sócrates de Carvalho Pinto de Sousa, que se propõe governar a partir das próximas eleições, fazendo realmente uma política de esquerda, tirando aos ricos para dar aos pobres, ou seja, o contrário daquilo que o actual primeiro-ministro fez ao longo deste longuíssimos quatro anos – ou quase. Um Sócrates que quer mudar tudo aquilo que o outro Sócrates fez.
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Tempos de mudança, então, apregoa este novo herói socialista, capaz de enfrentar corajosamente o até agora incontestado líder do PS. É parecido com o seu rival – quase igual a ele – usa o mesmo nome, mas não é ele. Não pode ser, a menos que se trate de um caso inverosímil de dupla personalidade, uma variante de uma bipolaridade suicida, ou coisa assim. Para além de, com o seu discurso, arrasar toda a política do seu homónimo e correligionário – mais e melhor do que fez o pessoal da oposição – parece que é neste segundo Sócrates que o PS vai apostar.
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Coitado! Não vai ter muito apoio partidário, pois só cerca 35 mil militantes socialistas poderão votar nele – e não é líquido que todos o façam – num universo de cerca de 90 mil filiados. E é isto o partido que governa o país? Bem, mas uma coisa é certa: o outro Sócrates, o que tem governado, pobrezinho, nem a votos se atreve a ir…
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(A propósito: só com cerca de 35 mil militantes a pagar quotas, onde arranjará o PS fundos para sobreviver? Em Alcochete? Na Guarda? Na Covilhã? Na Póvoa do Varzim? Ou será a vender Magalhães?)
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Resta saber o que este Sócrates, o que quer ser primeiro-ministro, tem para propor ao eleitorado lá mais para a frente, já que, para além de arrasar o seu camarada, «engenheiro» Sócrates, só se lembrou de mariquices, como o caso da regionalização e do casamento entre pessoas do mesmo sexo. A ver vamos, como dizia o cego – e cegos é coisa que não falta em Portugal.
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Voltando ao Sócrates que manda hoje – e ainda ao Freeport – quero que se lembrem dum senhor chamado Rui Gonçalves, que foi secretário de Estado do Ambiente, quando Sócrates titulava a pasta. E que o veio defender, com unhas e dentes, na televisão, jurando a pés juntos que tudo se passou na mais estrita legalidade. Ora, este senhor Gonçalves é, desde Abril de 2008, vogal da Empresa Geral de Fomento e, por inerência, assumiu os cargos de presidente do conselho de administração da Valnor, da Rebat, da Resat, da Residouro e de vogal da Valorsul, passando a presidir, a partir de Setembro de 2008, à Resistrela. Todas estas empresas da área do saneamento básico foram criadas por Sócrates quando era ministro do Ambiente. De 2002 a 2005, o senhor Gonçalves também foi professor convidado da Universidade Independente. Ela há coincidências do caraças, não há?
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Espero que o outro Sócrates, o que aí anda a fazer campanha para ser o futuro primeiro-ministro, dê uma valente vassourada nesta corja toda, já que, pelo que diz, renega em absoluto este Sócrates. Nas políticas e no plano ético…
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Falando em professores da Universidade Independente, que o actual Sócrates em boa hora mandou fechar para que não mais se vasculhasse nos seus arquivos, sei que o tal professor que passou o actual primeiro-ministro a quatro cadeiras, de seu nome José Morais – e que chegou a integrar o mesmo governo que Sócrates, e que Sócrates nem conhecia (outra coincidência do caraças… ) – foi acusado num processo de corrupção passiva e de branqueamento de capitais relativamente ao concurso e adjudicação da obra da central de tratamento de lixo da Cova da Beira, caso que, por incrível coincidência (ou será outra terrível cabala?) também toca em José Sócrates – o actual governante.
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Recorde-se, ainda, que este processo dá conta de que José Sócrates, Jorge Pombo e João Cristóvão, à data dos factos secretário de Estado do Ambiente, presidente da Câmara da Covilhã e assessor deste último, respectivamente, teriam recebido dinheiro da sociedade HLC, que ganhou o concurso para a construção da estação de tratamento de resíduos sólidos da Associação de Municípios da Cova da Beira. Estavam em causa «trezentos mil contos, dos quais cento e cinquenta mil se destinariam ao senhor secretário de Estado». Ali se refere também que «provas genéricas de que todo o processo de concurso foi controlado por pessoas ligadas ao PS da Covilhã; que a empresa vencedora é uma empresa ligada ao PS; que o assessor já trabalhava para a HLC e que a empresa recebeu 480 mil contos da Associação de Municípios da Cova da Beira, por trabalhos que não realizou». Lembra ainda que «o proprietário do terreno onde se pretendia fazer a central era um funcionário da HLC e que o então presidente da Câmara da Covilhã passou a trabalhar para a HLC».
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Não sei se é por estarmos a falar de lixos, mas sai de tudo isto um cheiro tão nauseabundo, que me faz pensar que o senhor Presidente da República deve andar bastante constipado para não dar por ele.
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Até eu, que nunca estive perto de José Sócrates (o actual primeiro-ministro e incontestado engenheiro) começo a sentir vómitos.
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Desculpem-me. Vou ali vomitar, e volto para a semana. »
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1 comentário:

Anónimo disse...

Antigamente, quando queriam dinheiro iam ao Totta, agora vão ao BCP, tomado de assalto pelo partido de Sócrates...
Pica-Pau