sexta-feira, 1 de fevereiro de 2008

Obras assinadas por Sócrates

A aprovação de Abílio Curto e as críticas dos arquitectos
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A obra do engenheiro técnico José Sócrates, embora anónima, está presente em muitas aldeias da serra da Estrela e na cidade da Guarda. Velhíssimas aldeias como Vila Soeiro, Faia, Cavadoude, Porto da Carne, Rapoula, Amoreiras do Mondego, Valhelhas ou Aldeia de Santa Madalena, todas no concelho da Guarda, ganharam a marca do então jovem projectista, entre 1981 e, pelo menos, 1990.
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Os projectos que aqui se revelam são apenas uma parte dos 27 que o Público localizou em arquivo, embora só tenha encontrado 23 no terreno. À excepção de três moradias em que se limitou assegurar a direcção técnica da obra, nos restantes 24 projectos, o actual primeiro-ministro assina a arquitectura, as memórias descritivas, os cálculos de betão, as estimativas de custos e os termos de responsabilidade de execução.
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A aprovação dos seus projectos na câmara socialista da Guarda não foi, porém, sempre isenta de reparos e críticas dos técnicos, normalmente arquitectos, que os apreciavam. O que não quer dizer que o então presidente da autarquia, Abílio Curto, seguisse sempre a opinião dos seus serviços.
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Veja-se, por exemplo, o que aconteceu ao parecer em que a repartição técnica da câmara propôs a demolição de todas as obras feitas sob a direcção de Sócrates, em violação de um seu projecto anteriormente aprovado, como resposta ao pedido de legalização dessas alterações, também assinado por ele em 1985. Por despacho de Abílio Curto, foi tudo legalizado porque o proprietário era um emigrante que tinha "urgência" e se ia "ausentar para o estrangeiro".
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Pouco condescendente revelou-se também a arquitecta Maria José Abrunhosa que apreciou um projecto de Sócrates logo em 1982: " Julgo de deferir o projecto, devendo no entanto chamar-se a atenção do técnico autor para o pouco cuidado manifestado na elaboração do mesmo". A arquitecta, entretanto falecida, viria aliás a fazer vários reparos a Sócrates. "Todas as peças têm de ser assinadas pelo autor do projecto. Não se aceitam rabiscos que não são nada em folhas de responsabilidade", lê-se numa informação de 1985, relativa a um projecto seu.
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No ano seguinte, quando Sócrates já era presidente da distrital socialista de Castelo Branco, a apreciação de um seu projecto para a aldeia de Rapoula, foi arrasadora:"A habitação projectada sobre a palheira existente apresenta as divisões anti-regulamentares, bem como janelas e beirados para terrenos particulares, além de, por se tratar de um prédio muito estreito, resultar estéticamente feio". O parecer acrescenta: "Também não pode sanitáriamente aceitar-se uma habitação sobre uma loja de vacas, sem drenagem de esgotos (...) ". Apesar de a licença nunca ter sido emitida, a casa, com pequenas alterações, foi feita por cima do curral com termo de responsabilidade de Sócrates.
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Notável é igualmente o que se passou, em 1983, com a construção de uma moradia em terrenos agrícolas e fora do perímetro urbano, junto ao Mondego, em Porto da Carne. O projecto, da autoria daquele que viria a ser ministro do Ambiente, foi aprovado pela câmara contra todos os pareceres dos seus serviços e ainda dos ministérios da Agricultura e das Obras Públicas - estes últimos vinculativos. O director regional de Coimbra dos Serviços de Planeamento Urbanístico (Ministério das Obras Públicas) ainda escreveu várias vezes a Abílio Curto a exigir o embargo e demolição da casa, mas a câmara nada fez.
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Pelo contrário, três anos depois aprovou uma ampliação da moradia com 168 m2. O projectista voltou a ser Sócrates. O dono do imóvel, o empresário Aníbal Beirão, não escondeu ao PÚBLICO a sua surpresa: "Nunca ninguém me disse isso. Tratei de tudo com o engº Caldeira, da Câmara da Guarda e foi a ele que paguei". (Público)
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Arquivo fotográfico das obras: (Público)
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Nota do Papa Açordas: Não há dúvidas que o rapaz tem uma linda folha de serviços! Só é pena que a não tivesse mostrado aos portugueses aquando das eleições... É um artista português!...

1 comentário:

Anónimo disse...

issjjjheujhuhduhnuuuué besteira