domingo, 24 de fevereiro de 2008

BCP - de mal a pior...

BCP perde em bolsa 560 milhões em três dias
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Nas cinco sessões da semana passada, o BCP registou o pior desempenho em bolsa no conjunto do sector bancário europeu. Uma descida acumulada de 9,4% que só teve paralelo nas perdas sofridas pelo francês Société Générale, um banco afectado por uma gigantesca fraude. As más notícias relativas ao exercício de 2007 justificam a mais recente fuga de investidores. Sobretudo o facto de o aumento de capital de 1,3 mil milhões de euros ter superado as expectativas mais pessimistas dos analistas.
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Tendo em conta o preço de fecho de sexta-feira - 1,725 euros -, o valor do banco caiu 650 milhões numa semana. Desde que o novo presidente do BCP, Carlos Santos Ferreira, confirmou, na terça-feira, o valor do reforço de capital, o banco perdeu 560 milhões. Precisamente 43% do montante necessário para recuperar as perdas sofridas durante o conturbado ano de 2007. Neste momento, o BCP vale - de acordo com o preço que o mercado lhe atribui em bolsa - 6200 milhões de euros. Desde o pico de 4,20 euros atingido em Julho do ano passado, o banco já desvalorizou nove mil milhões de euros.
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As perdas da semana passada foram aceleradas pela fotografia que os analistas das principais casas de investimento internacionais fizeram dos resultados de 2007. Os peritos da JP Morgan consideram que os resultados foram "piores do esperado" e que as novas metas do plano Millennium 2010 - cujo cumprimento foi adiado em 12 meses - "são demasiado ambiciosas". Já para os especialistas da Standard & Poor's (S&P) - que avalia a qualidade do crédito do BCP - "as nossas perspectivas negativas podem resultar numa descida da avaliação se a nova gestão falhar na tentativa de recuperar a estabilidade da instituição, se houver uma falta de apoio dos accionistas ou (...) se o aumento de capital não for bem sucedido". Se a avaliação da S&P descer, o BCP enfrentará dificuldades adicionais para se financiar.
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O aumento de capital é a grande razão do afastamento dos investidores estrangeiros, cujo raciocínio é simples: para aqueles que queiram estar expostos ao sector bancário português, um banco com dificuldades de capital, que vai exigir um esforço adicional aos accionistas e que não pode oferecer um grande prémio na operação (Santos Ferreira admitiu um desconto de 10% a 20%, mas aos analistas não quis comprometer-se com estes valores), é a escolha menos favorável.
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Depois, segundo os analistas, as suspeitas dos investidores acerca da politização do processo que conduziu à liderança de Santos Ferreira - que desmentiu essa suspeita numa entrevista, ontem, ao Expresso - retiraram o BCP do radar da especulação sobre uma possível ofensiva de estrangeiros. Um factor que suportou o título durante largos meses do ano passado.
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Finalmente, a imagem da regulação do sector português ficou abalada depois dos alegados ilícitos praticados nas anteriores administrações. Uma situação que afasta os grandes investidores internacionais, em plena crise financeira mundial. (Diário de Notícias)
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Nota do Papa Açordas: Este banco não passa agora de um banquinho gerido por uma task force do partido de Sócrates... Agora, como ele está, nem sequer o BPI o quer... Para quando a chamada de responsabilidades do BCP e da CMVM? Ou será que esta gente é inimputável?

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