Manuel António Pina
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A imaginação penal dos portugueses é prodigiosa, inventamos crimes com a mesma facilidade que inventamos reformas penais. Há uns anos gozou de efémera fama o crime de "homicídio por audiovisual", tipificado, num inédito momento de inspiração jurídica, por um médico do futebol.
A imaginação penal dos portugueses é prodigiosa, inventamos crimes com a mesma facilidade que inventamos reformas penais. Há uns anos gozou de efémera fama o crime de "homicídio por audiovisual", tipificado, num inédito momento de inspiração jurídica, por um médico do futebol.
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Agora fazem escola, ao lado do "assassinato político", que se verifica sempre que um político é apanhado com a boca na botija da corrupção, o "assassínio de carácter" e o "homicídio de carácter", cujos elementos constitutivos concorrem quando alguém envolvido numa situação pouco transparente é mortalmente atingido nesse doloroso e recôndito património da sua personalidade. Aparentemente os criminosos portugueses estarão a evoluir do ripanço, do "carjacking" e da clássica sacholada em disputas de águas para bens mais subtis e, em vez das carteiras, vão-se agora ao carácter das vítimas e assassinam-no. O lado positivo da coisa é que se tem apurado que há por aí, sobretudo em autarquias e empresas públicas, mais gente com carácter do que seria de supor. Pena é que isso só se descubra quando o carácter jaz morto e arrefece. (Jornal de Notícias)
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Agora fazem escola, ao lado do "assassinato político", que se verifica sempre que um político é apanhado com a boca na botija da corrupção, o "assassínio de carácter" e o "homicídio de carácter", cujos elementos constitutivos concorrem quando alguém envolvido numa situação pouco transparente é mortalmente atingido nesse doloroso e recôndito património da sua personalidade. Aparentemente os criminosos portugueses estarão a evoluir do ripanço, do "carjacking" e da clássica sacholada em disputas de águas para bens mais subtis e, em vez das carteiras, vão-se agora ao carácter das vítimas e assassinam-no. O lado positivo da coisa é que se tem apurado que há por aí, sobretudo em autarquias e empresas públicas, mais gente com carácter do que seria de supor. Pena é que isso só se descubra quando o carácter jaz morto e arrefece. (Jornal de Notícias)
1 comentário:
Tem toda a razão. É impossivel cometer homicidio contra algo que outra pessoa não tem.
Moral!! O réus que vão em paz, e o Senhor os acompanhe...:))))!!
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