sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

STCP - o milagre da multiplicação de concursos...

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STCP abriu concurso para projecto que já pagou
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A Sociedade de Transportes Colectivos do Porto (STCP) lançou, no início do ano, um concurso de arquitectura para a requalificação do Museu do Carro Eléctrico. O melhor projecto será premiado com 12.500 euros (quantia semelhante será distribuída por mais sete propostas), sendo depois encomendada ao vencedor a execução do desenho de uma intervenção que, segundo foi noticiado, está orçada em 8,6 milhões de euros. A empresa pública, porém, já pagou, em 2003, cerca de 160 mil euros por um projecto idêntico, encomendado a Alcino Soutinho, um dos mais prestigiados arquitectos portugueses.
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Ontem contactado pelo PÚBLICO, Alcino Soutinho confirmou este "infeliz processo" e adiantou estar "magoado" com a situação, tanto mais que o programa do concurso agora lançado "é praticamente o mesmo" que resultou de seis anos de trabalho. O projecto de requalificação, refira-se, foi encomendado a Soutinho em 1997, pela administração então presidida por Carlos Brito, mas, segundo o arquitecto, o programa era, então, "muito básico" e teve que ser desenvolvido pela sua equipa no decurso de um processo "longo, discutido, muito acompanhado e em diálogo permanente" com a empresa.
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"Em 2003, o projecto estava pronto para que a construção pudesse ser posta a concurso, mas, por vários motivos, incluindo a falta de disponibilidade financeira, foi sendo adiado. Agora isto é uma situação um pouco... Considero isto inadequado, para não adjectivar mais. Não gosto de fazer grandes romarias com estas coisas, às quais já se vai estando habituado, mas as conclusões têm que ser tiradas", disse Alcino Soutinho ao PÚBLICO, acrescentando ter já sido contactado esta semana por dois administradores da STCP, os quais lamentaram a situação.
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Contactada pelo PÚBLICO, a administração da STCP não tinha ainda, ao final da tarde de ontem, prestado qualquer esclarecimento sobre este processo, nomeadamente quanto aos motivos que levaram a empresa a lançar concurso para um projecto pelo qual já tinha pago 160 mil euros.
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Notas do Papa Açordas: É tempo de dizer BASTA! a estes concursos e pseudo-concursos. Podem ser correctos e bem formalizados, mas deixam sempre no ar um clima de suspeição. A Comissão Contra a Corrupção, criada na AR, devia de actuar para esclarecer este assunto.
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1 comentário:

F. Leal disse...

é fartar vilanagem.fora os outros que nimguém dá por eles.
já em olhão o presidente da CMO paga adiantado obras nas praças,como se isso fosse legal.como podem ver no blog Olhão livre.