domingo, 10 de janeiro de 2010

Face Oculta: Afinal, os robalos de Vara eram mais valiosos...

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Entrega do dinheiro terá ocorrido num almoço em casa do empresário das sucatas, em Ovar
MP acredita que Godinho pagou 25 mil euros a Vara em Junho

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O Ministério Público (MP) de Aveiro acredita que Manuel José Godinho, o único preso preventivo no âmbito do processo Face Oculta, pagou 25 mil euros a Armando Vara, vice-presidente do BCP com o mandato suspenso, a 20 de Junho do ano passado, num almoço em casa do empresário das sucatas no Furadouro, em Ovar.
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A convicção baseia-se no cruzamento de duas escutas telefónicas, uma entre Godinho e Vara a 28 de Maio e a outra a 20 de Junho, o próprio dia do almoço, entre o empresário e a sua secretária Maribel Rodrigues, referidos em documentos judiciais.
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Na primeira intercepção, Godinho fala com Vara numa linguagem cifrada, perguntando ao gestor do BCP se quer para agora "os 25 quilómetros". Inicialmente, Armando Vara não percebe a que se refere Godinho, mas acaba por compreender e dizer que fica para mais tarde.
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Segundo o MP, o empresário de Esmoriz usou um telefone que utilizava apenas para falar com Armando Vara, tendo sido usado mais tarde para conversar com o administrador da EDP - Imobiliária e Participações, SA, Domingos Paiva Nunes, apresentado ao empresário por Vara. É, aliás, por este novo contacto, que permitiu a Godinho concretizar alguns negócios onde alegadamente terá sido favorecido, que o empresário das sucatas terá pago a Vara os 25 mil euros.
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Após esta conversa, o primeiro encontro pessoal entre Godinho e Vara foi a 20 de Junho, no Furadouro, em casa do empresário, já após este último se ter reunido várias vezes com Paiva Nunes e ter tido acesso a informação privilegiada sobre alguns concursos da EDP - Imobiliária e Participações, SA. A 4 de Junho, Godinho e Paiva Nunes encontram-se na mesma casa e o empresário entrega ao administrador um Mercedes SL 500.
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A 20 de Junho Manuel José Godinho ligou a Maribel Rodrigues, dando-lhe conta que necessitava de "50 documentos" para dividir por duas pessoas. O MP acredita que os "25 quilómetros" e os "50 documentos" se referem a dinheiro, no primeiro caso, 25 mil euros, no segundo 50 mil, que seriam divididos por duas pessoas. Nesse almoço também esteve Fernando Lopes Barreira, amigo de Vara e, como este, membro fundador da polémica Fundação para a Prevenção e Segurança Rodoviária, que na tese do MP terá recebido os outros 25 mil euros.
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Notas do Papa Açordas: Este processo Face Oculta está a ser muito interessante. Afinal, os Robalos que Vara recebeu, são muito mais valiosos... E esta dos "50 documentos" ou "25 quilómetros" são espectaculares... Temos que agradecer a Sócrates por nos ter proporcionado o país onde estas coisas são banais...
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