Mário Crespo
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António Marinho Pinto está para o PS de Sócrates como o estão 
Vitalino Canas, Augusto Santos Silva ou Pedro Silva Pereira. É 
um indefectível. Tal como Sócrates, Marinho Pinto vê em tudo
 o que o prejudica uma urdidura de travestis do trabalho 
informativo. Tal como Sócrates, o Bastonário dos Advogados vê 
insultos nos factos com que é confrontado. E reage em disparatado 
ultraje e descontrolo, indigno de quem tem funções públicas. 
Marinho Pinto na TVI foi tão sectário como Vitalino Canas ou 
Santos Silva e conseguiu o prodígio de ser mais grosseiro numa 
entrevista do que Sócrates foi na RTP e Pedro Silva Pereira na SIC. 
É obra. Marinho Pinto não tem atenuantes. Não trabalhou no 
Ministério do Ambiente de Sócrates e, que se saiba, não faz parte 
do seu núcleo duro. É pois de supor que não esteja vinculado ao 
voto de obediência cega que tem levado os mais próximos de Sócrates 
à defesa do indefensável, à justificação do injustificável e a encontrar 
razão no irracional. Não tendo atenuantes, Marinho Pinto tem 
agravantes. O Estado de direito delegou na Ordem dos Advogados 
importantes competências reguladoras de um exercício fundamental 
para a sociedade. O Bastonário tem que as exercer garantindo 
uma série de valores que lhe foram confiados pelos seus pares. 
O comportamento público do Bastonário sugere que ele está 
a cumprir uma bizarra agenda pessoal com um registo de regularidade 
na defesa apaixonada de José Sócrates e do PS. O que provavelmente 
provocou em Marinho Pinto o seu lamentável paroxismo esbracejante 
em directo foi a dura comparação entre as suas denúncias sobre 
crimes de advogados e os denunciantes do Freeport. Se a denúncia 
de irregularidades na administração de bens públicos é um dever, 
a atoarda não concretizada é indigna. O que o Bastonário da Ordem dos 
Advogados disse sobre o envolvimento dos seus pares nos crimes 
dos seus constituintes é o equivalente aos desabafos ébrios tipo: 
"são todos uns ladrões" ou "carrada de gatunos". Elaborações interessantes 
e de bom-tom, se proferidas meio deitado num balcão de mármore entre 
torresmos e copos de três. Presumo que a Ordem dos Advogados não 
seja isso. Nem sirva de câmara de eco às teorias esotéricas do Bastonário 
de que a Casa Pia foi uma Cabala para decapitar o PS ou que o Freeport
é uma urdidura politico-judicial-jornalistica. Se num caso, um asilo do 
Estado com crianças abusadas fala por si, no outro, um mega centro 
comercial paredes-meias com a Rede Natura, tem uma sonoridade tão 
estridente como o grito de flamingos desalojados. A imagem que deu 
na TVI foi de um homem vítima de si próprio, dos seus excessos, 
do seu voluntarismo, das suas inseguranças e das suas incompetências. 
Marinho Pinto tentou mostrar que era o carrasco do mensageiro 
que tão más notícias tem trazido a José Sócrates. Fê-lo vociferando 
uma caterva de insultos como se tivesse a procuração bastante passada 
pelo Primeiro Ministro para desencorajar e punir este jornalismo de 
pesquisa e denúncia que tantas e embaraçosas vezes tem andado à frente 
do inquérito judicial. E a verdade é que sem o jornalismo da TVI 
não havia "caso Freeport" e acabar com Manuela Moura Guedes 
não o vai fazer desaparecer. (Jornal de Notícias - Mário Crespo)
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1 comentário:
Oh compadre,
Habitualmente estamos de acordo mas neste caso não o acompanho. Nem a si nem ao Mário Crespo.
Não tenho especial simpatia pelo Marinho Pinto. Também não tenho especial simpatia pela Manuela Moura Guedes. No entanto, e apesar disso, dou inteira razão a Marinho Pinto, que disse a MMG o que ela de facto é - uma fraca jornalista, sem escrúpulos nem respeito, que confunde o dever de informar com a divulgação da sua própria opinião e do seu julgamento (primário).
As acusações que Marinho Pinto fez a MMG, ao contrário do que Mário Crespo corporativamente afirma, não foram dirigidas aos jornalistas da TVI mas apenas e só a MMG.
Por isso, o meu aplauso a Marinho Pinto!
Abraço alentejano
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