"Marques Mendes não servia às frenéticas bases do PSD. Queriam um motim, um escarcéu, um levantamento. Queriam um "menino guerreiro", ninguém sabe se com ênfase no "guerreiro", se no "menino". Escolheram Menezes. Passou esse tempo todo e Menezes não existe. Ao princípio, houve quem pensasse que era por manha. Depois, que talvez fosse por prudência. Agora, tristemente, já se percebeu que Meneses vai continuar a ser o presidente da Câmara Municipal de Gaia, ou seja, nada. Ou menos que nada. Em Gaia, à distância, e protegido pelo benefício da irresponsabilidade, sempre se ia dando ares de grande demagogo. Na presidência do PSD, sucumbiu ao velho vício do político português: é respeitável, ou tenta que o achem respeitável. Perdeu a graça e a função.
Começou por deixar que Santana se apropriasse do grupo parlamentar. Com isto, anulou o grupo parlamentar. Sócrates trata Santana como se trata um homem que ninguém leva a sério e representa o pior do PSD. E, como o país se diverte com o espectáculo, Menezes, mesmo quando fala muito, pesa pouco. De resto, ainda bem que pesa pouco. O "populista" Meneses, que tanto se insurgia contra a moderação de Marques Mendes, já propôs sériamente ao Governo "pactos de regime" sobre justiça, segurança, obras públicas e a lei eleitoral autárquica. Já concordou com a essência da lei eleitoral legislativa, já se queixou de que a lei da "direcção" escolar é uma cópia da proposta do PSD. E já manifestou a convicção bacoca de que o primeiro-ministro anda a "liderar a Europa".
Menezes chama a esta tristeza sem alívio "a fase de desmascarar o Governo" e anuncia que chegou ou não tardará que chegue "o momento de viragem". Em Janeiro, promete que irá mostrar a enorme "diferença" entre o PSD e o PS (que se esqueceu até agora de mostrar) na economia, no ensino, na saúde e até na descentralização do Estado. E, aí sim, o Governo entrará "em crise". Entretanto, e como e preciso fazer qualquer coisa, Menezes reclama que Sócrates peça desculpa por causa de um assassinato no Porto. Exige o despedimento de António Vitorino da RTP. E decidiu, certamente com a ajuda de Ribau Esteves (um cavalheiro que se declara muito apaixonado por si próprio), vender a sede da S.Caetano e gerir o partido como quem gere uma empresa: presumívelmente para empregar amigos. Valeu a pena a troca? (Público -assinantes)
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