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Manuel António Pina
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Ideias são bens escassos e o seu preço andaria pela hora da
morte acaso tivessem procura.
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Ora Passos Coelho pertence a uma espécie dotada de um
cérebro frenético que segrega permanentemente ideias como
o fígado segrega bílis (a formulação de Cabanis tem séculos,
mas é perfeitamente actual no caso de Passos Coelho). A sua
última ideia, depois do colorido ramalhete de novíssimas ideias,
também com séculos, da proposta de revisão constitucional, é
prometedora: responsabilizar criminalmente os políticos -
Passos Coelho pensa obviamente em Sócrates - que tenham
gerido ruinosamente a coisa pública.
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A perspectiva de ver metade do país, de presidentes de junta
de freguesia a ministros e primeiros--ministros, metida na
cadeia é, convenhamos, excitante, e capaz de levar ao êxtase
o taxista que existe em cada português. Deve ter ocorrido a
Passos Coelho quando, no Curso Rápido de Primeiro-Ministro
que estará a frequentar nas Novas Oportunidades, alguém lhe
falou de uma lei de 87, assinada por Cavaco como primeiro-
-ministro, sobre "crimes da responsabilidade de titulares de
cargos políticos", designadamente em matéria orçamental.
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Talvez, no entanto, Passos Coelho devesse recordar a sua
cumplicidade não só no PEC II como, agora, no Orçamento
para 2011 e pensar duas vezes antes de ter ideias. Porque,
como dizem povo e Código Penal, tão ladrão é o que entra
pela janela como o que segura a escada.(Jornal de Notícias)
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quinta-feira, 11 de novembro de 2010
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