quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Tão amigos que nós éramos

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Manuel António Pina
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Alguns dos melhores amigos da política externa sem princípios,
só com "fins", vigente nas Necessidades, de Ben Ali e Mubarak
a Kadhafi, têm estado em apuros. Mas que não contem com Luís
Amado, designadamente o "amigo" Kadhafi.
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Como aconteceu com a amizade da Internacional Socialista a Ali
e a Mubarak, que só "descobriu" que eram ambos ditadores
corruptos, expulsando-os por indecente e má figura, quando
foram apeados, Luís Amado e o Governo português continuam
à espera de perceber no que dá a sangrenta repressão em curso
na Líbia para tomar partido.
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Será bonito (mas não surpreendente) ver, acaso a revolução
popular líbia ponha, como na Tunísia e Egipto, termo à ditadura
de Kadhafi, Luís Amado descobrir que o "amigo" de Portugal e
da J.P. Sá Couto era afinal um ditador sanguinário.
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Para já, a Força Aérea líbia - a que ainda não desertou - e a
artilharia da Guarda Revolucionária continuam a bombardear
os bairros populares de Benghazi e Tripoli. Fazem-no tão
silenciosamente, e as centenas de mortos nas ruas morrem
tão discretamente, que o embaixador português Rui Lopes
Aleixo ainda não deu conta de nada.
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O embaixador Aleixo é um homem prudente. Ainda há pouco,
um outro embaixador deu conta de que o homem de mão de
Mubarak apoiado por Luís Amado para o cargo de director-geral
da UNESCO era um anti-semita e um censor e foi mandado
regressar a Lisboa por ter dificuldade em manter os olhos fechados.
(Jornal de Notícias)
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