terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Portugal fechou 2010 com um pé na recessão e já está a pousar o outro

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A economia contraiu 0,3% no último trimestre do ano passado. Economistas dizem que 2011 vai ser uma réplica desses três meses, com nova recessão
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A economia portuguesa contraiu 0,3% nos últimos três meses de 2010 face ao trimestre anterior, tendo crescido 1,2% em comparação com o mesmo período de 2009. Os números da estimativa rápida do INE indicam que a estratégia de austeridade promovida pelo governo começou a ter um impacto mais forte a partir de Outubro, provocando uma desaceleração do consumo interno, apesar do efeito de antecipação na compra de automóveis. Com as exportações a servirem de único motor do produto interno bruto, o último trimestre de 2010 deve marcar o ritmo deste ano.
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Os números divulgados ontem pelo INE dão razão aos economistas que vinham insistindo que as medidas de austeridade dos PEC e do Orçamento do Estado teriam como consequência um novo período recessivo para a economia portuguesa. Embora ainda não sejam conhecidos dados desagregados, o relatório do INE refere que as exportações mantiveram a tendência de crescimento, enquanto o consumo das famílias desacelerou, "apesar do crescimento expressivo da componente de veículos automóveis, enquanto o investimento registou uma diminuição homóloga menos intensa".
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Portugal terminou assim 2010 com um crescimento de 1,4% do PIB, batendo a própria previsão do governo (1,3%). No entanto, 2011 deverá ficar muito mais próximo de 2009 - em que a economia contraiu 2,5% - do que de 2010. É que este será o ano mais duro no que diz respeito à consolidação orçamental, com o governo a querer reduzir o défice de perto de 7% para 4,6% do PIB.
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"2011 deverá ser parecido com o último trimestre do 2010, provavelmente para pior", explica ao i Cristina Casalinho, economista-chefe do BPI. O consumo interno em particular, que vale dois terços do PIB, deverá ser bastante afectado com a diminuição generalizada do rendimento disponível das famílias. "Este ano será marcado pelo aumento da carga fiscal, pelo corte de prestações sociais e de salários, pelo desemprego e pelo aumento dos preços do petróleo e dos alimentos", acrescenta a economista. A juntar à contracção da procura interna é preciso ainda considerar o abrandamento do investimento público e privado. O primeiro sustentou a recuperação da economia portuguesa até à crise da dívida europeia e aos primeiros PEC.
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Notas do Papa Açordas: Temos que dar graças ao sr. Sócrates, pois é ele que tem levado Portugal a esta miséria. Durante muito tempo recusou-se a admitir a crise, e quando a reconheceu, já era tarde demais para simples "aspirinas"...
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