Primeiro, foi o desafio a Sócrates para apresentar uma moção de confiança. Depois, veio o anúncio de Francisco Louçã no debate quinzenal com o primeiro-ministro no Parlamento que apanhou de surpresa o Governo e oposição: o Bloco de Esquerda vai apresentar uma moção de censura no dia seguinte a poder ter "utilidade prática". Ou seja, a 10 de Março, no dia seguinte à posse de Cavaco Silva para o segundo mandato em Belém, quando volta a ter o poder de dissolver a Assembleia. "Uma colossal irresponsabilidade", respondeu o chefe do executivo.
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Os partidos não abriram o jogo, mas o PS fez um apelo a uma clarificação. Porque o país não aguenta "um mês pantanoso". Na prática, o PSD tem nas mãos o desfecho da moção e promete "ponderação, frieza e responsabilidade" na decisão, mas o PÚBLICO sabe que a opção só será tomada depois do regresso de Passos Coelho de Paris, embora o cenário que ganha peso é mesmo o da abstenção. Sob a pressão do sector cavaquista.
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A tese de vários dirigentes nacionais sociais-democratas é que o partido está muito "amarrado" à viabilização do Orçamento de 2011. A previsível divulgação dos resultados da execução orçamental pode também não fornecer argumentos para alinhar com uma moção de censura que é também dirigida ao PSD. Ontem, Francisco Louçã apontou os sociais-democratas como um dos partidos da "maioria orçamental". Numa frase, retira margem de manobra ao PSD para votar a moção.
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Dentro do PSD, já começou a "pressão" para Pedro Passos Coelho não alinhar, para já, na censura a Sócrates. Há compromissos internacionais e negociações importantes em curso ao nível da União Europeia e o momento do país é muito complexo, argumenta-se. Além do mais, no PSD há quem olhe o anúncio do Bloco como mais uma disputa à esquerda, com o PCP, que na semana passada já admitira a possibilidade de vir a apresentar uma moção de censura ou mesmo apoiar uma de um partido da direita.
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Notas do Papa Açordas: E, assim, vamos ter Passos Coelho e o PSD a viabilizar o (des)governo do sr. Sócrates... Já viabilizou o orçamento de fraca memória, vai agora abençoar o bando de malfeitores que ocupa as cadeiras do poder... Até quando?
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1 comentário:
O BE não se lembra do PRD?! O Louça é cada vez mais o Portas da esquerda - é só circo: primeiro diz que não é oportuno, depois, já que o PCP não avança, vou ser eu a notícia!...
Um abraço sem esperança que as eleições tragam resultados
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