Uma epígrafe raposiana, que é por causa das tosses: "O primeiro-ministro que nos levou à bancarrota não tem condições para nos fazer sair dela", Rómulo Machado, militante do PS, (hoje, às 00.42).
-MATOSINHOS/PORTO. Neste congresso norte-coreano, todos os oradores dizem o mesmo. Até parece que recebem um script obrigatório logo à entrada da Exponor. Tirando Jaime Gama, nenhum dos tubarões ousou desafiar o script leninista (como é que o PS chegou tão baixo ao nível do debate e do tal pluralismo?). Mas deixemos Jaime Gama para amanhã. Hoje queria apenas homenagear o único socialista que revelou coragem e inteligência (como é óbvio, Almeida "Fidel" Santos agendou a intervenção deste homem para o início da madrugada).
- Este bravo socialista dá pelo nome de Rómulo Machado, um indivíduo que devia ser emoldurado. Para começo de conversa, Rómulo Machado disse que "um congresso não é um comício". Ou seja, Rómulo afirmou no palanque aquilo que Ana Gomes só tem coragem de dizer cá fora: é preciso assumir erros, é preciso fazer uma crítica interna. Porque, de facto, este consenso acrítico é sufocante. É uma espécie de unanimismo norte-coreano. Fora de brincadeiras, o "centralismo democrático" do PCP não deve ser muito diferente deste PS socrático, que vive completamente metido na sua bolha mediática e de culto ao líder. Chega a fazer impressão.
- Depois, Rómulo Machado desmontou a argumentação de José Sócrates. A crise da nossa dívida não foi provocada pela tal crise internacional. Os mercados não obrigaram Portugal a pedir dinheiro emprestado. Foi o governo Sócrates que transformou uma dívida pública de 92 mil milhões (2005) numa dívida de 160 mil milhões (2010). Ou seja, a nossa crise é o resultado de um "endividamento irresponsável" levado a cabo por este governo, levado a cabo por políticas assentes no betão para os amigos construtores. Ora, perante esta conclusão, Rómulo Machado afirmou que o PS precisava de uma nova liderança, porque "o primeiro-ministro que conduziu o país à bancarrota não tem condições para nos fazer sair dela". O coro de assobios que recebeu é o melhor elogio que um português pode receber neste momento. (HENRIQUE RAPOSO - EXPRESSO)
- Notas do Papa Açordas: Um crónica de Henrique Raposo que aconselhamos a ler, passada no congresso norte-coreano do PS (Partido de Sócrates)... -
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