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Desde Abril de 2010, Portugal comprometeu-se com 4,65% do seu PIB em juros resultantes de emissões de dívida. No total, foram oito mil milhões de euros
A explosão da crise da dívida soberana da zona euro apanhou desprevenidos estados e instituições europeias. Desde Abril, as taxas de juro das Obrigações do Tesouro da Grécia aumentaram drasticamente, arrastando atrás de si Irlanda, Portugal e, em menor grau, Espanha. Desde que ficou claro que esta pressão sobre os títulos da dívida se começou a fazer sentir, Portugal já se comprometeu com oito mil milhões de euros em juros. Um valor que terá de ser pago em prazos muito diferentes, variando entre os três e 11 anos. No total, os oito mil milhões correspondem a 4,65% do PIB (Produto Interno Bruto), sensivelmente o mesmo custo estimado para as três redes de alta velocidade previstas pelo governo de José Sócrates.
O número, por si só, não permite perceber se se trata de um valor exagerado. No entanto, a degradação das condições de financiamento da República são facilmente observáveis. A 7 de Abril de 2010, o Estado português pagou 1,046% numa emissão de 500 milhões de euros, com o prazo de um ano. Um ano depois, a 6 de Abril, o Estado estava a pagar 5,902% num leilão de títulos com a mesma maturidade e um montante muito similar. Na prática, enquanto a primeira emissão comprometeu o Estado a pagar apenas cinco milhões de euros em juros, na segunda esse valor disparou para os 27 milhões, um aumento de 440%.
Entre Abril de 2010 e Abril de 2011, o IGCP (Instituto de Gestão da Tesouraria e do Crédito Público) realizou 59 operações no mercado, não contanto com as colocações privadas. O próprio tipo de emissões é indicativo das dificuldades do Estado em se financiar, notando-se uma aposta muito acentuada no financiamento de curto prazo, recorrendo muito mais a Bilhetes do Tesouro do que a Obrigações.
No último ano o Estado endividou-se mais de 44 mil milhões de euros. Dívida que, em parte, foi sendo contraída para pagar amortizações de títulos que foram vendidos já depois de Abril de 2010.
Notas do Papa Açordas: A nossa dívida soberana ainda nos vai proporcionar mais alguns momentos de surpresa, quando a sua verdadeira amplitude for conhecida... Por outro lado, já pagamos toda a rede de TGV e não temos um único quilómetro de TGV... Ah, grande Sócrates!...
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