Mesmo quem reconhece competência aos nomeados, adverte para o efeito social. “Os famintos não entendem”, diz Medina Carreira
As recentes escolhas para o Conselho Geral e de Supervisão da EDP e para a administração da Águas de Portugal provocaram estrondo e as críticas ao governo vêm até da área política que o apoia. Entre ex-líderes do PSD há mesmo quem fale em “clientelismo”. E o antigo ministro das Finanças Medina Carreira aponta outro perigo, em declarações ao i: “Somos hoje um país falido e o governo não pode esquecer o efeito social destas nomeações”.
Para Medina Carreia “o que está em questão não é a competência, todos reconhecemos a competência destas pessoas. No lugar do primeiro-ministro, na situação de excepção que vivemos, eu teria pedido encarecidamente que não nomeassem pessoas do círculo político do governo”, sublinha. O primeiro-ministro voltou a abordar ontem a polémica. Para Passos Coelho, “nunca houve um governo em Portugal que tivesse assumido com tanta transparência e com clarificação de regras tão intensa, tudo o que envolve nomeações no aparelho do Estado”. Mas continua a não convencer aqueles que o antecederam na liderança social-democrata. O ex-líder do PSD Marques Mendes reconhece uma “excessiva concentração de ex-ministros do PSD e do CDS” na EDP e Águas de Portugal, algo que “parece um mau exemplo de clientelismo politico”, diz. “Alguém acredita que os chineses é que escolheram Celeste Cardona ou Braga de Macedo?”, questionou, na TVI24. E Marcelo Rebelo de Sousa, anteontem à noite, comparou mesmo a polémica destas nomeações à ida de Armando Vara para a administração do BCP em 2009 (vindo da Caixa Geral de Depósitos onde entrou em 2006 pela mão do governo). “Fez-me lembrar o governo de Sócrates. Naquela altura a oposição dizia: o Vara foi impingido e o governo dizia que a escolha era dos privados. Passos tem argumentado, no caso da EDP, que as escolhas foram dos novos accionistas.
António Capucho comunga da posição de Marques Mendes e deixou-o claro na sua página no facebook. Recentemente também se mostrou incomodado com o vencimento que Eduardo Catroga vai auferir na EDP: “Embora seja uma empresa privada, [o valor] vai ser repercutido na factura de electricidade que me chega a casa todos os meses”. Em declarações ao i, é mais comedido. “Cada caso é um caso e já vi, no anterior governo, pessoas sem o mínimo currículo ocuparem cargos, foi o que fez nascer a expressão jobs for the boys. O único caso que levanta dúvidas é o de Manuel Frexes, presidente da Câmara do Fundão, dadas as dívidas da edilidade às Águas de Portugal”, acrescenta o antigo secretário-geral do PSD.
Notas do Papa Açordas: Neste campo, este (des)governo não difere muito do (des)governo anterior... Pode-se dizer que "a merda é a mesma"... e os "chulos" que gravitam na área do poder, seja do PS ou PSD, têm todos gulodice pelas empresas públicas...
-
Sem comentários:
Enviar um comentário