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Manuel António Pina
Que pensaria um cidadão comum se alguém em quem tivesse
confiado e com quem tivesse feito um acordo, apanhando-se
com o acordo na mão, violasse todos os compromissos
assumidos fazendo exactamente o contrário daquilo a que se
comprometera?
Imagine agora o leitor que esse alguém é um político que obteve
o seu voto jurando-lhe repetidamente que faria determinadas
coisas e nunca, nunca!, faria outras ("Dizer que o PSD quer
acabar com o 13º mês é um disparate"; "Do nosso lado não
contem com mais impostos"; "O IVA, já o referi, não é para subir").
Um político que lhe jurou que "ninguém nos verá impor
sacrifícios aos que mais precisam" e que fez o que a própria
CE já reconheceu, que em Portugal as medidas de austeridade
estão a exigir aos pobres um esforço financeiro (6%) superior
ao que é pedido aos ricos (3%, metade).
Um político que lhe garantiu que "não quero ser eleito para dar
emprego aos amigos; quero libertar o Estado e a sociedade civil
dos poderes partidários" e cujos amigos aparecem, como que por
milagre, com empregos de dezenas e centenas de milhares de
euros na EDP, na CGD, na Águas de Portugal, nas direcções
hospitalares e em tudo o que é empresa ou instituto público.
Quando os eleitos actuam impunemente à margem de valores
elementares da sociedade como o da honra e o do respeito pela
palavra dada não é só o seu carácter moral que está em causa
mas a própria credibilidade do sistema democrático.(Jornal de
Notícias)
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segunda-feira, 16 de janeiro de 2012
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