Juros da dívida batem novo recorde, empurrados pelo contágio da má solução europeia para a Grécia. Economistas dão como certa a continuação da ajuda financeira. FMI confirma ao i que perguntará em Agosto ao governo pelos planos de financiamento para o próximo ano
O governo português e os líderes europeus tentam descolar Portugal da Grécia – os credores, contudo, não vêem para já grandes diferenças. Os juros da dívida pública portuguesa e os seguros de crédito contra o incumprimento da dívida voltaram ontem a bater recordes desde o início do euro, reflectindo a expectativa dos credores de que Portugal precisará de mais tempo e dinheiro – e que esse prolongamento do resgate possa levar a uma solução de reestruturação de dívida semelhante à que ainda está a ser negociada na Grécia.
“Há muita especulação, mas de todos os receios o mais forte é o de reestruturação”, considera Paulo Soares Pinho, especialista em finanças e professor da Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa. Pedro Santa-Clara, gestor de activos financeiros e professor de Finanças também na Nova, concorda. “Isto é o contágio da situação da Grécia, de uma renegociação de dívida com alteração de leis a posteriori e recusa do Banco Central Europeu de partilhar perdas com os credores privados.” Portugal, que na percepção dos mercados “tem problemas idênticos aos da Grécia”, nota Santa-Clara, surge como o país logo a seguir na linha de contágio depois de resolvida a situação grega.
Os juros da dívida a pagar em prazos mais curtos foram os que mais subiram – mais de 20% a cinco anos –, num sinal de tensão grande do mercado. Os seguros contra o risco de crédito (Credit Default Swaps ou CDS) também tocaram máximos, levando alguns corretores deste instrumento financeiro a cobrar uma comissão à cabeça pela protecção vendida aos credores, além do juro periódico – outro sinal de anormalidade.
Notas do Papa Açordas: Todos os analistas económicos e credores dizem a mesma coisa: a crise portuguesa está no mesmo patamar que a crise grega... só os nossos (des)governantes opinam o contrário...
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