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Manuel António Pina
Bastou o primeiro-ministro grego anunciar que consultará o
povo, através de referendo, sobre as novas e gravosas medidas
de austeridade e perda total da soberania orçamental impostas
ao país pelos "mercados" e seus comissários políticos em
Bruxelas e nos governos de Berlim e Paris para cair a máscara
democrática desta gente.
Na pátria da Democracia, o Governo decide-se por um processo
democrático básico e Sarkozy fica "consternado" e considera a
decisão "irracional" enquanto alemães e FMI se mostram
"irritados" e "furiosos" com ela. E Merkel e Sarkozy assinam
um comunicado conjunto dizendo-se "determinados" a fazer com
que a Grécia cumpra as suas imposições e lhes ceda o que ainda
lhe resta de soberania; só lhes faltou acrescentar "queiram os
gregos ou não queiram" e mobilizar a Wehrmacht e a "Force de
Frappe"...
Até Paulo Portas, ministro de uma coligação eleita com base em
compromissos eleitorais imediatamente rasgados mal tomou
posse, está "apreensivo".
O medo que esta gente, que tanto fala em Democracia, tem da
Democracia é assustador. Aparentemente, o projecto de
suspensão da Democracia por 6 meses (ou por 48 anos) estará já
em curso. Pinochet aplicou no Chile as receitas de Milton
Friedman suspendendo sangrentamente a Democracia. Como é
que "boys" de Chicago como Gaspar ou Santos Pereira, que
chegaram a ministros sem nunca antes terem governado sequer
uma mercearia, o fariam em Democracia? (Jornal de Notícias)
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quarta-feira, 2 de novembro de 2011
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