sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Fitch. Corte no rating é mais um sinal: Portugal precisará de novo resgate

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Fitch avisa que risco de mais austeridade em 2012 é significativo. Perda profunda de confiança na dívida portuguesa torna “ficção” o regresso aos mercados em 2013

A agência de notação Fitch Ratings cortou ontem a classificação da dívida portuguesa para o nível “lixo”, agravando a desconfiança dos investidores quanto à capacidade de Portugal de cumprir a totalidade dos seus compromissos. A acção da Fitch – a terceira maior agência – segue a já tomada em Julho pela Moody’s e é mais um sinal de que o país terá de depender mais tempo da assistência financeira externa, atada às respectivas reformas estruturais e medidas de austeridade orçamental.“O regresso aos mercados em 2013 é uma ficção”, afirma João Ferreira Marques, ex-analista da agência Fitch. “A probabilidade de um segundo resgate é enorme”, acrescenta.

A Fitch reconhece que, apesar de Portugal estar financiado, “até ao final de 2013 o risco de liquidez pode aumentar à medida que o programa acaba se as condições adversas do mercado persistirem”. Por outras palavras, a República pode ficar sem dinheiro mesmo antes de o programa da troika de 78 mil milhões de euros terminar, caso a desconfiança nos mercados não diminua.

Esta desconfiança, no entanto, levará tempo a desaparecer (a agência chinesa de rating Dagong também cortou ontem a nota portuguesa). Na sequência do corte da Fitch, o banco britânico Barclays apontou que irá retirar os títulos da dívida portuguesa do seu índice de referência europeu de obrigações, o equivalente a uma desclassificação. O Citigroup está prestes a fazê-lo, aguardando apenas o corte feito pela agência que falta, a maior, a Standard&Poor’s. A exclusão dos índices e o agravamento da notação financeira garantem o afastamento dos investidores estáveis que no passado financiaram Portugal, como fundos de pensões ou bancos centrais – e atraem investidores mais de curto prazo, como fundos mais arriscados, como os hedge funds, em busca de alta rendibilidade.

“Os gestores de fundos de investimento prudentes têm linhas de orientação para investir em obrigações, que têm a ver com o rating”, aponta o economista Miguel Beleza. “Este corte não ajudou: Portugal está abaixo dos mínimos para esses investidores”, junta Beleza. João Ferreira Marques concorda: “A confiança demora a reconquistar-se e os investidores que compravam este tipo de dívida não têm mandato para correr risco.”

Notas do Papa Açordas: E é assim. O chamado governo é mais troyquista que a troyca e só temos merda. Quanto maior for o roubo ao cidadão, maior é a necessidade de recorrer a novos empréstimos e maiores serão os juros...

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