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Manuel António Pina
Quando ontem, depois de o ministro Álvaro ter anunciado o "fim
da crise", vi no plenário da AR o deputado Agostinho Lopes
pedir-lhe que "[tivesse] vergonha", fiquei expectante diante da
TV, aguardando o momento em que o suposto clone de Manuel
Pinho (que, como o protótipo, antes estivera também a falar de
minas) faria uns corninhos para a bancada do PCP.
Precipitei-me na suposição. Contra todas as expectativas, Manuel
Pinho não encarnara afinal no ministro Álvaro. Aliás, para que não
restassem dúvidas, o próprio logo veio esclarecer que, quando
disse - numa língua inédita, vagamente parecida com o português -
que "2012 irá certamente marcar o ano do fim da crise" não queria
dizer que "2012 irá certamente marcar o ano do fim da crise" mas
que, na sua pitoresca falação, "irá marcar o ano" do princípio do fim
da crise (assim a modos como na anedota: o fim da crise voará em
2012, mas baixinho). Já quanto ao fim do fim (da crise,
evidentemente) só Deus e a sra. Merkel sabem, pois "há
imponderáveis que não podemos controlar".
Os portugueses habituaram-se a ouvir ministros e primeiros-
ministros anunciar ano após ano o fim da crise, ou o princípio do fim
da crise, ao mesmo tempo que lhes vão ao bolso em nome da crise.
Em 2006 foi o saudoso Manuel Pinho, em 2009 foi Sócrates, já este
ano foi Passos Coelho, agora Álvaro Santos Pereira. Pena é que a crise
ligue tanto ao que eles dizem como ao que eles fazem.
(Jornal de Notícias)
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terça-feira, 15 de novembro de 2011
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