segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Simples e curtos

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Manuel António Pina
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Desta vez não haverá conferências de imprensa nem mais
um "animador sinal" para anunciar ao país. Um relatório do GAVE
do Ministério da Educação revela que os alunos portugueses
são, afinal, incapazes de estruturar um texto ou de explicar
um raciocínio básico, bem como de "desempenhar tarefas tão
simples como, por exemplo, interpretar um texto poético,
solucionar um exercício matemático com mais de duas etapas
ou enfrentar um enunciado que não seja simples e curto".
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Segundo o GAVE (que avaliou alunos do 8º ao 12º ano de
1 700 escolas), a coisa ainda vai quando as respostas só "requerem
selecção", como pôr cruzinhas em respostas múltiplas; o problema é
quando é preciso "justificar as respostas", construir um raciocínio ou
quando as respostas exigem várias etapas de resolução.
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Ainda não se extinguira o foguetório com que o Governo recebeu,
há dias, o estudo do PISA colocando Portugal na média educativa
europeia por virtude da queda de reprovações e subida de notas
nos últimos anos, quando o balde de água fria vem do próprio
Ministério: "Pais, alunos e escolas devem preocupar-se mais com
o que os estudantes aprendem e menos com os resultados".
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"Pais, alunos e escolas" e talvez também Governo. As aparências
estatísticas podem melhorar-se a pôr cruzinhas e a passar toda a
gente. Mas não será decerto com uma geração de "simples e curtos"
que o país terá alguma coisa parecido com um futuro.Jornal de Notícias.
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