quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

INE. Portugal fica "cego" para analisar evolução do desemprego

-
Instituto de Estatística admite não ser possível calcular, para já, o impacto que a alteração terá nos indicadores de emprego
-
Quando forem divulgados os números do desemprego do primeiro trimestre de 2011 não será possível saber se o número de desempregados aumentou ou diminuiu. A alteração na recolha de dados anunciada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) no site irá interromper a série iniciada em 1998. "As estimativas desse trimestre não poderão ser directamente comparadas com as dos trimestres anteriores", admitiu ao i fonte oficial do INE, que ainda apontou que a alteração agora promovida foi recomendada pelo Eurostat.
-
A alteração de metodologia fará com que os inquéritos sobre o emprego, até agora feitos exclusivamente de forma presencial, passem a ser conduzidos por telefone. A mudança terá um impacto nos resultados dos inquéritos - daí a quebra de série - embora o INE admita que não consegue prever o impacto que a alteração terá em indicadores como a taxa de desemprego.
-
"Não vejo que haja grande problema: já aconteceram quebras de série em 1992 e 1998", explica ao i Pedro Adão e Silva, especialista em mercado de trabalho. "Continuará a ser possível cruzar dados do INE com os dos centros de emprego, como já faz o Eurostat."
-
As principais críticas apontadas ao INE relacionam-se com o timing da decisão. Numa altura em que o desemprego atingiu máximos históricos (10,9%), é importante conhecer tendências no mercado de trabalho. O INE defende-se dizendo que o projecto começou a ser criado em 2007 e executado desde 2008, estando agora suficientemente maduro para poder ser implementado. Em conferência, a presidente do Conselho Directivo do INE, Alda de Caetano Carvalho, defendeu a independência do instituto face ao governo e que não há timings ideais para uma decisão deste género. "Nunca é oportuno. Porque se está a subir, ou porque se está a descer", disse.
-
Notas do Papa Açordas: Numa altura em que o desemprego atingiu os 10,9 % ( há quem refira 14 %), é excelente para o (des)governo do sr. Sócrates, o INE mudar de táctica... Baralha, baralha, e ninguém fica a saber a percentagem real do desemprego... apenas aquela que o sr. Sócrates quer...
-

Sem comentários: