segunda-feira, 7 de junho de 2010

Quem vier atrás feche a porta

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Manuel António Pina
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Não se entende o alarme suscitado pela proposta do ministro Luís Amado de estabelecer na Constituição um limite à dívida pública.
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Contra a ideia insurgiu-se toda a gente, do PSD (pela voz do seu secretário-geral, aflito por a proposta ser "muito socialista"; Angela Merkel, que a impôs na Alemanha, há-de ter ficado com as orelhas a arder...) ao PCP, ao BE e ao próprio PS. Toda a gente?
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Não! Uma aldeia povoada por irredutíveis gauleses ainda resiste ao invasor, o CDS/PP. A má sorte de soluções que, em Portugal, metam travão a fundo à dívida pública (que, em finais do ano passado já ia - incluindo os encargos das famosas "parcerias público-privadas" e a dívida das EP - em 120% do PIB) é que as gerações futuras, que terão de a pagar, ainda andam de cueiros e não votam.
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De qualquer modo só haveria vantagens se a Constituição determinasse até onde podem os governos endividar-nos. De facto, a vingar a teoria do ministro Teixeira dos Santos de que os princípios constitucionais "não são absolutos" e podem mandar-se às urtigas, deixar-se-iam os "mercados" contentes e a coisa não teria efeito nenhum. (Jornal de Notícias)
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