sexta-feira, 11 de junho de 2010

A fome dos outros

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Manuel António Pina
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Em 2009, o Banco Alimentar Contra a Fome assistiu cerca de 26 000 pessoas; este ano, segundo números divulgados pela sua presidente, a média diária de pessoas que recorre às 1700 instituições que o Banco Alimentar apoia ronda já as 285 000, ou seja, quase 3% da população portuguesa.
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Acrescentem-se os "novos pobres", os três milhões de portugueses que sobrevivem com pensões e salários inferiores ao salário mínimo e vêem agora os rendimentos reduzidos pelos aumentos do IRS ao mesmo tempo que têm de pagar mais 1% de IVA sobre os bens essenciais.
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E as centenas de milhares de desempregados e famílias dependentes do RSI que, em nome da "austeridade", ficam sem subsídio ou qualquer rendimento.
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Se, sabendo tudo isto, Cavaco Silva tivesse em conta que, por exemplo, os gestores "de topo" de certas empresas públicas recebem, em média, 63 000 euros por mês (mais "bónus", "prémios" e alcavalas), talvez se percebesse que falasse em "situação insustentável" ou, na versão Mensagem de Ano Novo, em "situação explosiva". Infelizmente, porém, não parece que fosse essa a "situação" a que o presidente se referia.(Jornal de Notícias)
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