Bispo das Forças Armadas acusa o primeiro-ministro de “vilania” e deposita esperança em Cavaco Silva
D. Januário Torgal não poupa críticas às medidas de austeridade anunciadas sexta- -feira por Pedro Passos Coelho e acusa o primeiro-ministro de “insensibilidade” e “vilania”, sublinhando que o governo está a faltar à verdade ao introduzir o aumento da contribuição para a Segurança Social. “Antes de aceitar ser primeiro-ministro, Passos Coelho chumbou o PEC IV [Plano de Estabilidade e Crescimento] e disse ‘basta’ a mais impostos. E agora falha quando, segundo os especialistas, até existiam outros caminhos alternativos”, critica o bispo.
D. Januário espera que o Presidente da República possa ainda “salvar o país” e acredita que Cavaco Silva irá “chamar o governo à razão”. “Tem estado em silêncio, porque é do feitio dele manter-se em silêncio, mas alguém terá de travar isto e repensar estas medidas”, diz.
O bispo das Forças Armadas duvida, por outro lado, que a diminuição de 23,75% para 18% da contribuição das empresas possa gerar emprego, como invocou Passos Coelho na sua declaração ao país. “Não é com mais austeridade que se salva o país, pelo contrário”, defende o bispo, sublinhando que dentro do próprio PSD se têm erguido vozes discordantes nos últimos dias. “As críticas e os avisos têm vindo não só de economistas e especialistas, mas também de militantes do próprio partido do primeiro-ministro”, recorda, acrescentando: “Só fico admirado com o silêncio do CDS, porque Paulo Portas disse-se contra o aumento de impostos”.
“O que me escandaliza e mais me dói é que isto tudo é um castigo para quem tem menos e os que têm soberanamente mais não dão ajuda neste processo. Isto não é equidade nem justiça social”, considera o bispo. “Isto é um Portugal perdido, Portugal está completamente indefeso. Há corrupção moral, não há verdade nem ética”, continua.
D. Januário diz que chegou a hora de os portugueses dizerem “basta” e teme que a agitação social cresça. “Isto está a endurecer de dia para dia, sente-se um grande nervosismo na sociedade. Interrogo-me como é que as pessoas mais pobres e enfraquecidas vão conseguir lidar com todas estas medidas”. O bispo acrescenta que o que mais irritou os portugueses foi o timing escolhido pelo primeiro-ministro para anunciar mais austeridade. “Fazer um anúncio assim antes de um jogo de futebol da selecção nacional mostra uma habilidade que irrita, além de falta de frontalidade”, diz antes de criticar igualmente a mensagem que Passos Coelho deixou no Facebook, um dia depois de anunciar o aumento da contribuição para a Segurança Social: “As ideias debatem-se em diálogo aberto e não nas redes sociais”, remata.
Notas do Papa Açordas: Apoio inteiramente os comentários de D. Januário contra o desgoverno que temos, e que está a arruinar Portugal com a ajuda da troika. Oxalá a sua voz não seja calada pela força...
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