sexta-feira, 14 de outubro de 2011

História com final feliz

-
Manuel António Pina
É só um mais caso mas ilustrativo dos labirintos políticos
através dos quais, passando pelo Estado, os milhões fluem,
em Portugal, do bolso dos contribuintes para o de certos grupos
económicos, invariavelmente os mesmos.

Noticia a "Agência Financeira" que a reguladora do sector
rodoviário denunciou em 2010 ao então secretário de Estado
das Obras Públicas, Paulo Campos, que a Estradas de Portugal
estava a negociar um contrato ruinoso com o grupo Ascendi,
referente às auto-estradas entre Barcelos e Guimarães e
Famalicão e Vila Pouca e a várias ligações dos IC16, IC17 e IC30.
O trânsito era, pelos vistos, pouco e a concessionária perdia
dinheiro pois se pagava apenas com portagens. O anterior
Governo resolveu-lhe o problema: passou a pagar à Ascendi,
por estradas que não custavam um cêntimo ao Estado, 1,864
milhões em rendas fixas, recebendo 1,267 milhões de portagens.
Para isso mudou o Código da Contratação Pública e entregou
depois (ou antes, não se sabe) a feitura do contrato a um
escritório de advogados... ligado às construtoras.

O resultado foi um rombo de 597 milhões anuais na despesa
pública que você, leitor, e eu estamos agora a pagar à Ascendi,
isto é, à Mota--Engil de Jorge Coelho e ao BES.

O então presidente da Estradas de Portugal é hoje presidente
da Opway, construtora do BES e accionista da Ascendi. E Paulo
Campos figura de proa do "novo PS" de Seguro. Tudo está bem
quando acaba em bem.(Jornal de Notícias)
-

Sem comentários: