Os últimos 33 anos foram feitos de perdões às derrapagens financeiras na Madeira
“Demonstrei-vos sempre que sabia negociar com Lisboa. Dêem-me força que eu vou negociar e não quero saber da troika para nada.” Alberto João Jardim, há 33 anos no poder na Madeira, vende na campanha a sua veia negociadora. Nas últimas três décadas, o líder do governo regional conseguiu o que queria na maioria das vezes, apesar do desrespeito sucessivo pelos acordos financeiros e da linguagem abusiva com que trata os políticos do Continente. Como conseguiu Jardim este poder?“No início, as autonomias eram uma montra de poder do PSD, que só chegou ao governo mais tarde, e o peso de Jardim na Madeira deu-lhe poder interno no PSD, a que ele juntou amigos e cumplicidades”, explica a jornalista Maria Henrique Espada, autora de “Alberto João Jardim, O Rei da Madeira”, biografia não autorizada (Jardim pagou do orçamento regional uma edição em livro de uma entrevista biográfica em 1997). “Mas o discurso de chantagem sobre o Continente existiu sempre e Jardim juntou a isso uma retórica inflamada que nenhum político em Lisboa quis acompanhar”, acrescenta.
Fazer obra sem dinheiro é a raiz do poder de Jardim. Quando chegou a líder em 1978, nomeado pelo PSD, Jardim fez um levantamento das carências do arquipélago, na altura uma das regiões mais pobres num dos países mais atrasados da Europa. Face a um poder central negligente e longínquo, Jardim optou imediatamente por recorrer à dívida bancária para financiar tudo o que estava por fazer.
Esta dívida – subjacente a um modelo económico alimentado a gastos públicos que nunca se alterou – foi sendo objecto constante de tensão entre a Madeira e o Continente, com Jardim a levar a melhor grande parte das vezes. Uma dívida que nunca parou de crescer – a não ser quando era assumida pelo Continente. Em 1983, com o FMI em Portugal e Ernâni Lopes como ministro das Finanças, Jardim conseguiu autorização para um novo empréstimo. No ano seguinte passa em 55% o limite para o défice da região e enfrenta uma grave crise de tesouraria que ameaça salários – e consegue um empréstimo da República que salva a situação.
Notas do Papa Açordas: E é assim, o PS sempre teve medo de Jardim, e o PSD idem, idem... Talvez o Júlio de Matos fosse a melhor solução...
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