sábado, 21 de agosto de 2010

Instituto do Sangue lança concurso para aparelho fornecido pelo filho do presidente

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Empresa de Nelson Olim comercializa equipamento inovador que evita picadas nos dedos e é mais barato do que os métodos actualmente usados na dádiva de sangue.
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O Instituto Português do Sangue (IPS) lançou um concurso para a compra de testes para a medição de hemoglobina, cujas especificações técnicas apontam para um novo método que é comercializado em Portugal apenas por uma empresa de que é sócio o filho do presidente do instituto.
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A história começa em Nova Orleães, nos EUA, no encontro anual da associação americana de bancos de sangue, em Outubro de 2009. Foi ali que o presidente do IPS, Gabriel Olim, viu pela primeira vez um equipamento que lhe despertou grande interesse: um aparelho que determina o valor da hemoglobina evitando a desconfortável picada no dedo a que os dadores hoje são obrigados a submeter-se.
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Um autêntico achado até porque este método, desenvolvido por uma empresa israelita (e que não terá ainda rival a nível internacional), acaba por sair mais barato do que os sistemas tradicionais de medição da hemoglobina e evita ainda o risco de infecção. O fabricante israelita veio a Lisboa em Fevereiro deste ano e a impressão inicial confirmou-se. "Os resultados foram excelentes. É uma técnica mais barata, mais cómoda e que não causa resíduos", sintetiza Gabriel Olim.
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Em Maio, o IPS lançou um concurso público internacional (n.º 1 90040/2010) para "Aquisição de Testes a Determinação Automática do Valor da Hemoglobina na Pré-doação de Sangue" no valor de 200 mil euros cujo critério principal de selecção é o preço. No caderno de encargos especifica-se que os equipamentos a distribuir pelos vários centros regionais de sangue (Lisboa, Porto e Coimbra) devem ser não invasivos, "isto é, sem necessidade de agulha ou picada de agulha". Sucede que das quatro empresas concorrentes apenas terá apresentado um equipamento capaz de preencher este requisito, porque as outras usam os métodos que obrigam a picada no dedo. Trata-se da empresa Med-First Lda, que se propôs a concurso com o tal equipamento israelita inovador. A assinar a proposta aparece o sócio e director médico da empresa, Nelson Olim, que é filho do presidente do Conselho Directivo do IPS.
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A Med First propõe-se fornecer ao IPS 50 sensores com capacidade para a realização de 200 mil testes para a determinação automática do valor da hemoglobina, bem como 45 equipamentos a distribuir pelos centros regionais de sangue de Lisboa, Coimbra e Porto. O valor é o máximo previsto no concurso: 200 mil euros.
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Notas do Papa Açordas: Já por várias vezes dissémos que não basta à mulher de César dizer que é séria, há que também parecer... Este caso, é mais um dos que proliferam em Portugal... A corrupção é geral, não havendo vontade política para acabar com ela...
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1 comentário:

costa disse...

a lei diz que os filhos de quem lança qualquer concurso não pode concorrer.
claro que a lei é só para quem não está no poder pois para quem está no poder não há leis.
até quando? até que as pessoas queiram.