"O escrutínio - palavra grave, que quer dizer exame minucioso - a que são sujeitos os maquinistas e os motoristas envolvidos em desastres deveria ser estendido a outras áreas sinistradas da sociedade. As primeiras palavras do maquinista do acidente galego (79 mortos) foram: "Dei cabo de tudo!" Mas, apesar de soar a confissão, isso não desviou o inquérito da caixa negra. O essencial que vai ficar no relatório final são factos: a que velocidade ia o comboio e a quanto devia ir? E para rebater o maquinista deverá usar factos: a inexistência de tal ou tal tipo de travões, o traçado da via... Já o condutor do autocarro italiano (38 mortos) não falou, foi uma das vítimas mortais. Mas de pouco interessariam as suas palavras a quente, porque a responsabilidade responderá a factos. Que velocidade? Os travões falharam?... E no choque frontal entre os dois comboios suíços (um morto), os investigadores também privilegiam um facto: uma sinalização luminosa não foi respeitada. Enfim, a causa dos três acidentes vai ser julgada sobre factos. Esse correto método de escrutinar maquinistas e motoristas poderia, digo eu, ser estendida a uma classe que agarra o volante da sociedade a pretexto de lá chegar por escrutínio (relembro, quer dizer exame minucioso). Essa classe, suspeito eu, pode ocasionar maiores tragédias do que os 118 mortos acima contabilizados. Porém, essa classe brinca com palavras. Mentiste! Não menti nada! Mentiste, mentiste...".Ferreira Fernandes - DN)
quarta-feira, 31 de julho de 2013
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