sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Fome e sede de justiça

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Manuel António Pina

Queixou-se na TVI24 a procuradora-geral adjunta Maria José
Morgado, directora do DIAP, de que há "magistrados, funcionários
e polícias pés-descalços e a passar fome".

Quanto a funcionários e polícias, passo. Apesar de terem, muitos
deles, um salário de miséria, ainda assim vão, porém, tendo um salário,
coisa de que não se podem gabar os 700 000 portugueses desempregados.
Mas não custa a crer que, como diz o presidente do Sindicato dos
Funcionários Judiciais, haja "colegas em alguns tribunais que estão um
pouco dependentes da solidariedade".

Um magistrado a meio da carreira aufere 3 600 euros líquidos por mês,
mais subsídio de compensação/renda de casa. É certo que, se os
magistrados fossem pagos à hora, sobretudo na 1.ª instância, onde
frequentemente se trabalha 9 e 10 horas por dia, ganhariam muito mais,
mas daí a dizer-se que os há a "passar fome" não só não é crível como, num
país em que o salário mínimo (dos privilegiados que têm salário) é de 485
euros, é tão afrontoso como o presidente da República queixar-se de que
os seus mais de 10 000 euros de pensões não lhe chegam "para pagar as
despesas".

A não ser que Maria José Morgado se refira à "fome e sede de justiça" que
as magistraturas hoje justificadamente sentem, poderia perguntar-se porque
é que os tais "magistrados pés-descalços", se têm fome, não comem brioches.
(Jornal de Notícias)
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1 comentário:

C Valente disse...

É verdade que TODO o povo português está a viver mal, mas tambem não é preciso exagerar, fome passa os desempregados, os idosos reformados, os magistrados podem não estar bem, mas não devem passar fome ,só se gastarem mais do que ganham.
Saudações amigas