terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Café amargo

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Café amargo
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Não é a primeira vez, e bom seria que fosse a última, vez que discordo da forma como o Ministério da Agricultura vem, ou melhor, não vem, ocupando e desempenhando o papel e as funções que lhe competiam.
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Ao entrarmos hoje, não importa onde, num dos seus inúmeros organismos, sentimos como que o torpor de morte. Um silêncio, um vazio, quase que exclusivamente cortado pelo suave bater de uma qualquer porta, por detrás da qual, alguns funcionários com ar pesado, debruçados sobre secretárias pejadas de papéis, procuram desmotivados entre estes, um qualquer outro documento que alguém, também silenciosa e impacientemente, aguarda.
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Apercebo-me bem da sorte que tive ao não ter de passar por isto. Alívio e consternação. É que, muitos do que agora por lá continuam, atrás da secretária pejada de papéis, partilharam comigo momentos de, se não completa realização, foram-no de gratidão humana pela passagem do conhecimento que ao longo de anos havíamos amealhado. Passamo-lo enquanto nos deixaram e pudemos para aqueles que faziam da agricultura o seu ganha-pão.
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Dói agora ver técnicos competentíssimos dotados de conhecimentos ímapar, por isso valioso, muito dele adquirido na experiência prática do dia a dia, que morrerá com eles. Nomeados, sem base de qualquer critério, para o desempenho de tarefas administrativas, completamente arredados da realidade à qual dedicaram toda uma vida profissional. Dói sentir tanta revolta, no meio de tanto saber amordaçado. Dói mais ainda, quando em tempo de crise, se passou à sublocação da inexperiência, muitas vezes incompetência, em detrimento do que ontem todos, sem excepção, reconhecíamos como competência. Dói ver tanto equipamento laboratorial, e de campo, abandonado não por não funcionar, não por não haver gente capaz de o fazer funcionar, mas porque se decidiu separar os dois.
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Poderíamos estar aqui a dizer o mesmo sobre qualquer outro ministério. Mas a este conheço-o e sinto-o mais próximo. Será assim, creio eu, pelo menos para alguns, justificar a sua existência ou continuidade. Não, não estou a fazer política, coisa corriqueira entre nós. Tenho, no entanto, e mal seria que o não tivesse, opinião sobre o assunto. Penso, por exemplo, que uma boa gestão, faz obrigatoriamente, no mínimo, um bom aproveitamento dos seus recursos humanos. Tanto mais, quanto mais qualificados eles o são, o que seria reconhecido sem dúvida, como um valioso contributo para a resolução da crise que nos vem e vai corroendo.
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Não terminarei sem antes vos confrontar com uma questão - Quantos de nós sabem, quanto do conhecimento amordaçado está por detrás das secretárias? Muitos. Mas, como de costume, continuamos bebendo o nosso café sem açúcar...
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Notas do Papa Açordas: Esta é a realidade actual dos organismos dependentes do Ministério da Agricultura, o mais penalizado com a sinistra Mobilidade... Não só mandaram pessoal embora, como conseguiram tirar todo e qualquer estímulo ao pessoal que ficou...
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1 comentário:

Pata Negra disse...

Acabou-se com agricultura um elemento chave na independência e na segurança, sim segurança de um país! Pagaremos por isso um dia! Não tarda os meninos até com o ministério acabam!
Um abraço da seara