No sábado, um leitor do italiano La Stampa, Antonio Cascia, publicou uma carta de despedida a um jovem amigo, que emigrava por não ter trabalho. Ontem, no mesmo jornal, o primeiro-ministro Enrico Letta pedia desculpa ao "amigo do Antonio". Claro, caímos na tentação de comparar o incómodo do líder italiano com as declarações infelizes de Passos sobre o mesmo assunto. Este, logo depois de ser eleito, disse aos jovens portugueses para sair da sua "zona de conforto", convidando-os a emigrar, como um gerente de restaurante diz "estamos cheios" a clientes supérfluos. Se, sim, emigrar pode ser uma solução, não pode ser incentivada por um líder político. Como ontem o italiano Letta disse, o papel do político é outro: "(...) o nosso primeiro, irrenunciável, objetivo será simbolicamente pôr o amigo de Antonio nas condições de escolher ir embora ou ficar." De conselhos sobre soluções naturais, como emigrar ou respirar, os portugueses não precisam, está-lhes no ADN. "Ide embora" pode ser desculpa de restaurador, mas em político é sacudir o capote. E, já agora, há que dizer que as vítimas principais desta história são capazes de não ser aqueles que partem. Os peritos em emigração são unânimes em reconhecer que os que partem são os melhores. Mas desta vez não são os mais fortes da aldeia, é mesmo a elite do País que emigra, os jovens mais sábios e preparados. Por cá vai ficando uma zona de desconforto que nos vai ser insuportável. (Ferreira Fernandes - Diário de Notícias)
segunda-feira, 3 de junho de 2013
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