quinta-feira, 12 de novembro de 2009

PSP: Mais multas = melhor avaliação

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Polícias estão a ser avaliados pelo número de multas passadas
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Um agente da PSP da 3.ª Divisão de Lisboa foi avaliado, no final do mês passado, com base no escasso número de autuações de trânsito que efectuou. Num documento interno a que o PÚBLICO teve acesso, o comandante daquela divisão policial justifica a nota 4 dada ao polícia (num quadro que vai de 1 a 10) referindo: "Aponta-se como aspecto elucidativo o facto de ter elaborado três peças de expediente, ter elaborado dois autos de contra-ordenação rodoviária e ter sido testemunha numa detenção."
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O critério relativo às multas de trânsito não consta da Portaria 881/2003, de 21 de Agosto, que determina os elementos a ter em conta para as notas a atribuir.
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Noutras esquadras do Comando Metropolitano de Lisboa já surgiram afixados documentos onde se anunciam pontos a atribuir, individualmente, por cada actividade policial desempenhada. Aconteceu, por exemplo, na esquadra de Caxias, Divisão de Oeiras, onde se informavam os polícias de que, por exemplo, uma contra-ordenação de trânsito vale um ponto, uma detenção vale três pontos e uma multa de trânsito mal passada é punida com dois pontos negativos.
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O documento da avaliação da 3.ª Divisão, com a chancela do superintendente Francisco da Costa Ramos, prova que as avaliações na PSP têm em linha de conta as autuações rodoviárias que cada efectivo contabiliza. E desmente, desse modo, a Direcção Nacional da PSP que, ao longo dos meses, e perante as dúvidas suscitadas quer pelos sindicatos policiais quer por polícias que resolveram questionar de moto próprio, sempre negou ser esse um dos factores da avaliação, a qual é fundamental para a hipótese de progressão na carreira.
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Ontem, uma fonte da Direcção Nacional da PSP não quis comentar o facto de existirem divisões policiais que contabilizam as autuações rodoviárias como critério de avaliação, referindo apenas que esse critério "não consta da portaria que rege as avaliações".
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Notas do Papa Açordas: Razão tínhamos nós em escrever o nosso post de 2/XI/09, ao condenar a Direcção Nacional (DN) da PSP na imposição da "caça à multa" para efeitos de avaliação. Apesar dos desmentidos circunstanciais, verificamos que essa imposição se mantém e está a ser implementada no terreno. Lamentamos que essa gente da DN PSP, não contactem com a população, e sejam os agentes a apanhar com a revolta dos cidadãos... Até quando?...
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