segunda-feira, 30 de abril de 2012

Um Estado policial?

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Manuel António Pina

Vêm-se acumulando nos tempos mais recentes sinais inquietantes de
que, aproveitando o vazio de autoridade do MAI, a PSP está a tornar-se
uma espécie de Estado (policial) dentro do Estado.


Depois da ilegal utilização de agentes provocadores infiltrados e do
espancamento, que começa a ser rotineiro, de cidadãos que exercem o
seu direito de manifestação ou de jornalistas que cumprem o seu
direito-dever de informar, ainda há dias foi, não o ministro, mas um
operacional da PSP quem veio ameaçadoramente anunciar "tolerância
zero" no 25 de Abril, isto é, tolerância zero "com" o 25 de Abril.

Agora, a propósito da constituição como arguida de uma jovem do
Movimento Sem Emprego que, com outros três desempregados, distribuía
no Dia Mundial do Desempregado panfletos à porta de um Centro de
Emprego de Lisboa, revelou a porta-voz da PSP que, para esta polícia,
"duas pessoas já fazem uma manifestação". (Ora como, segundo a PSP,
seriam oito, e não quatro, os activistas que distribuíram panfletos, terá
havido à porta do Centro de Emprego, não uma, mas... quatro manifestações
de duas pessoas).

A Constituição (art.º 45.º) determina que "os cidadãos têm o direito de se
reunir, pacificamente e sem armas, mesmo em lugares abertos ao público,
sem necessidade de qualquer autorização" e que "a todos os cidadãos é
reconhecido o direito de manifestação".

Mas parece que "a PSP não tem de justificar a sua actuação"...
(Jornal de Notícias)
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