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Manuel António Pina
Um indivíduo não eleito, que ocupa um cargo administrativo 
nomeado não se sabe (mas imagina-se) por que critérios, 
impede um autarca eleito de, em representação dos cidadãos 
de uma determinada cidade, visitar uma instituição pública 
dessa cidade. 
Adivinhe o leitor onde se passou o episódio, exemplar de 
respeito pela Democracia representativa: na Coreia do Norte 
(dando crédito à noção de Democracia de Bernardino Soares 
e admitindo que na Coreia do Norte haja eleitos)?, em Cuba?, 
no Irão?, no Portugal salazar-marcelista? Não: foi em Portugal, 
desde há 38 anos "um Estado de Direito democrático", onde 
"os actos do Estado e (...) outras entidades públicas dependem 
da sua conformidade com a Constituição".
O que se passou foi que o presidente da Câmara de Lisboa ia 
já a caminho da Maternidade Alfredo da Costa para a visitar 
quando recebeu um telefonema da direcção desta instituição 
informando-o de que o administrador regional de Saúde de 
Lisboa e Vale do Tejo a proibira de receber o autarca, sob 
pena de processo disciplinar. Mais: segundo a RTP, todos os 
clínicos da Maternidade estão proibidos de falar com a 
comunicação social, isto num país cuja Constituição garante que 
"todos têm o direito de exprimir e divulgar livremente o seu 
pensamento pela palavra, pela imagem ou por qualquer outro
 meio (...) sem impedimentos nem discriminações".
Pelos vistos não foi só em matéria laboral que já chegamos à 
China.(Jornal de Notícias)
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sábado, 14 de abril de 2012
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