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Manuel António Pina
É conhecida a anedota da singular noção de causalidade daquele
investigador que cortou as patas a uma rã e lhe disse: "Salta!"; e que,
como a rã não saltasse, concluiu que, quando se cortam as patas às rãs,
elas deixam de ouvir.
Ocorreu-me essa história ao saber do estudo que sustenta mais uma nova
redução das indemnizações por despedimento que o ministro Álvaro (quem
haveria de ser?) anunciou que levará à Concertação Social, estudo que
conclui que... nos países desenvolvidos indemnizar trabalhadores despedidos
não é obrigatório. Assim, acabam-se com as indemnizações por despedimento
e, zás!, passamos a "país desenvolvido". E poder-se-ia ainda aumentar também
os salários para os níveis praticados nos países desenvolvidos e então é que
ficaríamos tão desenvolvidos, ou mais, que os países desenvolvidos. A ideia,
no entanto, não ocorreu ao ministro Álvaro, como não lhe ocorreu a ideia de se
demitir, pois nos países desenvolvidos ninguém salta da blogosfera para ministro...
A mesma provinciana lógica causal foi recentemente invocada pelo secretário de
Estado da Saúde para justificar uma nova cruzada antitabagista: nos países
desenvolvidos - mais um esforço, portugueses, se quereis ser nova-iorquinos! -
é proibido fumar na rua, no automóvel, na própria casa de cada um.
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E, já agora, por que não restaurar também a pena de morte, seguindo esse exemplo
extremo de país desenvolvido que são os Estados Unidos?(Jornal de Notícias)
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quinta-feira, 19 de abril de 2012
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