sexta-feira, 7 de março de 2008

Educação - prof. PS contra esta avaliação

Professores, avaliação ou estupidez!!?
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Para que não haja confusões, começo por dizer que sou professor, militante socialista, apoio a avaliação dos professores e concordo com a maior parte das medidas tomadas por este governo no âmbito da educação mas não na forma como foram implementadas.
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No que se refere ao processo de avaliação dos professores, vou limitar-me a referir algumas das contradições que ferem de morte a avaliação, por falta de credibilidade.
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É uma estupidez traçar metas de sucesso na educação, como numa empresa, pois os alunos não são peças, nem os pais gostariam que eles assim fossem tratados.
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Ao comparar resultados percentuais de um ano para o outro, esquece-se de forma estúpida que os alunos são diferentes, o João é agora a Maria, o aluno filho de pais ricos com explicações é agora um aluno sem pais que vive com os avós, o magro de óculos é este ano o obeso que não gosta de participar. Enfim, uma estupidez!Pretendem ainda as metas comparar resultados de disciplinas diferentes e da mesma disciplina em anos sucessivos com diferentes alunos.
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Enfim, uma estupidez!
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O processo de avaliação foi lançado em Janeiro, a meio do ano lectivo, esquecendo que as escolas funcionam de Agosto a Agosto e que os horários e tarefas estão já distribuídos. Enfim, uma estupidez!
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Os avaliadores são docentes eleitos para os cargos de coordenação, sem que lhes fosse solicitada demonstração de competências para avaliar colegas. Uma estupidez!
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Um professor do 1º ciclo com variante disciplinar que lhe permite dar aulas no 2º ciclo, quando avaliador, irá avaliar professores do 3º ciclo e secundário, ciclos onde ele não tem competências para dar aulas, mas pelo visto, pode avaliar. Seria o caso de um contabilista de uma empresa ser avaliador do director financeiro.Uma estupidez!
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Um professor licenciado, pode ser avaliador de um professor mestre, esquecendo-se que o actual processo de "Bolonha" não o permite. Uma estupidez!
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Um professor de Educação Física pode avaliar um professor de Educação Musical, ou vice-versa, nas suas competências técnicas, pedagógicas e científicas. Uma enormidade sem credibilidade, uma estupidez!
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Um professor pode ser avaliado negativamente, porque um aluno abandonou a escola para se "casar" ou decidiu não se esforçar nas tarefas escolares, portar-se mal e faltar com regularidade. Uma estupidez!
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A avaliação obriga à formação dos professores, sendo a mesma muitas vezes paga pelos próprios, nos períodos nocturnos e fins de semana, situação que não se verifica nas empresas ou em outros organismos públicos. Uma injustiça e uma estupidez!
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A avaliação, e não só, obriga a constantes reuniões fora de horas, após os períodos lectivos, horas não pagas, situação que não se verifica nas empresas e restantes organismos públicos. Uma injustiça e uma estupidez!
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A avaliação proposta é de tal forma complexa que obrigará os professores a preocuparem-se com a mesma, preenchendo fichas sem fim, em vez de centrarem a sua atenção, nos processos que levem ao desenvolvimento dos seus alunos.
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A avaliação é necessária, deve basear-se em factores de observação dos processos de ensino e aprendizagem, deve ser predominantemente formativa, de modo a alterar situações menos correctas, em vez de classificativa, deve permitir traçar linhas de actuação mais ou menos uniformes e critérios de análise das estratégias mais correctas.
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A avaliação é necessária, sendo fundamental a credibilização dos avaliadores do processo, através de concursos curriculares e não de forma fortuita. Quero ser avaliado e não somente classificado. -
Já agora também quero algum tempo para dar aulas…
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Nota: uma colega sugeriu a mudança do título para "insensatez", mas é mesmo estupidez!
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José Marques Vidal, ex-professor em Vendas Novas, actual presidente da concelhia do PS de Águeda (Publicado no jornal Região de Águeda)
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Nota do Papa Açordas: Como Sócrates poderá verificar, a contestação não é só dos professores comunistas, é de todos os partidos, incluindo o seu.

2 comentários:

Coragem disse...

Parabéns pelo texto, fiquei completamente elucidada, sobre este assunto das avaliações aos professores.

Não concordo em absoluto quando diz:

"situação que não se verifica nas empresas e restantes organismos públicos".

Ao que se refere
Olhe que sim, olhe que sim.

Gostei de ler, se me permitir, voltarei.

Compadre Alentejano disse...

Coragem:
Trata-se de uma carta aberta que um professor militante do PS escreveu e que epubliquei aqui no Papa Açordas.
Ele quer dizer,mas eu não concordo, que os avaliadores nas empresas e em alguns organismos públicos, chegam a pagar formação do seu bolso, para poderem avaliar os seus subordinados, e que isso não acontece no Ministério da Educação.
Venha quando quiser, pois será sempre bem vinda.
Um abraço
Compadre Alentejano