domingo, 6 de janeiro de 2008

BCP e CGD, porreiro,pá!


Vasco Pulido Valente escreve hoje no Público uma crónica, contundente, sobre o caso BCP, e que tem todo o nosso apoio.

A gente do costume

De uma desgraça privada, o caso BCP passou pouco a pouco a uma desgraça pública. Enquanto se tratou só da direcção do banco, de um grupo de accionistas (com direito a voto) e, em geral, dos depositantes, todo aquele enredo (de resto, nada edificante) não fez mais do que demonstrar a incompetência e a fraqueza do capitalismo português. Com a intervenção de Vítor Constâncio começou a suspeita de que, para lá da inanidade à vista, havia trapalhada grossa. A esperteza saloia tinha entrado na história de faca e alguidar. Caiu o segundo presidente, Filipe Pinhal, dias depois de eleito, e apareceu em cena a gente do costume: antigos ministros das (das Finanças, claro), antigos secretários de Estado e antigos gestores de empresas públicas, que desde o fim do PREC, se apropriaram colectivamente dos “grandes negócios”.
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Nasceram no I Governo constitucional e cresceram até agora na maiortranquilidade. Andaram pelo “soarismo”, pelo “cavaquismo” (que os promoveu muito), pelo “guterrismo” (que os deixou à solta), pelo fugitivo Barroso e mesmo por Santana (que protegeram e guiaram). São do PSD; ou do PS, mas muito amigos do PSD. O que não quer que sejam o “centrão”. O “centrão” é a cozinha dos partidos para a pequena gente: para o funcionalismo, para as câmaras, para os subsídios. Com outra envergadura (e outro apetite), este “clube” vive de amizades particulares, de confiança mútua, de exclusividade. Rodam e voltam a rodar. Cá fora tudo muda, eles nunca mudam. Basta ver os nomes de que se fala para o BCP e a Caixa. Não os conhecem?
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Esta espécie maligna é um sintoma do famoso domínio do poder económico sobre o poder político? Não é. É a consequência natural da participação do Estado nos “negócios”. Se o Estado saísse da PT, da EDP e da Galp e, principalmente, se vendesse a Caixa Geral de Depósitos, ficava com autoridade e a distância para fiscalizar e regular a actividade dos privados. Como sócio ou concorrente, está metido no meio do barulho e “politiza” inevitavelmente qualquer incidente em que lhe aconteça tocar. Como no BCP. A mistura leva sempre à irresponsabilidade e à dependência. A separação presume a independência e a responsabilidade. Num país normal não concorreriam à administração do maior banco privado duas listas “partidárias: uma do “Governo” e uma “da direita”. Num país normal, há coisas que simplesmente não sucedem e pessoas que simplesmente não existem. (Público)
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Nota do Papa Açordas: Creio que ainda há muito por descobrir no BCP e na CGD, e não são coisas boas... Como no anúncio "Há muito na Caixa..."...

1 comentário:

quintarantino disse...

Compadre, o amigo pegou-lhe de frente e avança com o artigo na perspectiva estritamente bancária; olhe, eu lá no meu canto pego-lhe de cerneira e aponto para os habituais cozinhados...