sexta-feira, 14 de maio de 2010

Corte no défice custa três vezes mais às famílias que às empresas

-
No segundo semestre é a doer, mas o plano draconiano prolonga-se até final de 2011, pelo menos. Portugal corre risco de nova recessão
-
Os particulares vão contribuir com mais do dobro do dinheiro do que as grandes empresas para o plano de austeridade do governo/PSD em resultado do pagamento de uma nova taxa (especial) sobre o rendimento. Os salários vão ajudar a abater mais o défice público deste ano do que os lucros, basicamente.
-
Segundo o mapa preliminar que esteve na mesa das negociações entre o executivo e o maior partido da oposição (ver tabela ao lado), as famílias devem entrar com 400 milhões de euros no segundo semestre deste ano em sede de IRS, valor que compara com os 150 milhões de euros adicionais em sede de IRC que seriam cobrados às empresas que apresentassem lucros acima de um milhão de euros. Este último valor será, afinal, bem menor pois o plano de corte do défice definitivo, ontem apresentado pelo primeiro-ministro, José Sócrates, só vai penalizar as empresas que lucrarem mais de dois milhões de euros ao ano.
-
Ao nível do IRS percebe-se que o novo imposto tem um enorme alcance: apenas as pessoas que ganham menos de 4.793 euros por ano, cerca de 400 euros por mês, estão isentas de IRS, logo não estão sujeitas à referida taxa. Todas as outras vão pagar 1% sobre o seu salário bruto (se ganharem até 17.979 euros anuais) e 1,5% caso ganhem mais do que isso por ano.
-
Com este plano, o governo promete agora reduzir o défice para para 7,3% do produto interno bruto (PIB) em 2010, um ponto percentual mais do que dizia no Programa de Estabilidade e Crescimento (o tal que não convenceu Bruxelas nem os mercados financeiros). Ao todo, a despesa pública será cortada em mil milhões de euros; a receita sobe 1,1 mil milhões além do previsto.
-
Notas do Papa Açordas: Mais uma vez a classe média vai pagar a crise!... Estas medidas, para além de não serem suficientes, vão servir para agravar o desemprego, provocando uma agitação social nunca vista em Portugal.
-

1 comentário:

causa vossa disse...

A CONTA, POR FAVOR!
Há muito que se sabia que uma parte da economia Portuguesa, os chamados não transaccionáveis viviam acima das suas posses.
A situação actual continua a ser muito grave, porque verdadeiramente nada vai mudar com esta política de balde de água para cima do incêndio.

Classes profissionais como a dos Juízes, médicos, gestores públicos, responsáveis diversos de organismos públicos, entourage público - privada de consultores, vivem claramente com remunerações muito acima daquelas que um país como Portugal pode pagar.
Já para não falar da política remunerativa do Banco de Portugal!

Há muito que sabemos que os gastos com esta magnífica entourage pública, tem jogado inversamente aos verdadeiros criadores de riqueza numa economia, os agentes económicos privados, estrangulados há muito por um Estado anafado e castrador da iniciativa.

As medidas que aí vêm têm assim um efeito de manter a cabeça do grande mamífero fora de água. Mas por quanto tempo se não se inverter o rumo?

E inverter o rumo exige medidas corajosa como cortes de 10 a 20% nas remunerações da função pública nos escalões mais altos da função pública, bem como esmiuçar ao pormenor todos os gastos.

Porque não se acabam as viagens com os Falcon, as executivas, e não se dão golpes profundos nos orçamentos da PR, do staff dos ministérios? Porque José Pinto de Sousa, o grande Português, acha que as medidas de carácter exemplar não fazem parte da sua matriz profunda?

O rei morreu, viva António José Seguro o socialista aparentemente com princípios!