quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Governo aperta garrote ao monopólio da hemodiálise

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Concentração dos tratamentos nas mesmas clínicas tem impedido que os valores pagos pelo Estado sejam revistos
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O Ministério da Saúde quer obrigar as clínicas de hemodiálise a baixar o preço dos tratamentos. Este sector é o único que tem escapado incólume à revisão de pagamentos - a concentração da oferta em duas multinacionais tem cortado a capacidade negocial do Estado, sem alternativas para oferecer aos mais de 10 mil insuficientes renais dependentes deste serviço. Mas o objectivo de emagrecer as contas públicas obriga agora o governo a anunciar que vai afrontar um sector responsável por uma despesa de mais de 200 milhões por ano - 95% da hemodiálise concentra-se no privado.
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De acordo com o secretário de Estado da Saúde, Óscar Gaspar, "é possível" chegar a um entendimento, tal como aconteceu com as análises clínicas e outros exames de diagnóstico. Outra das medidas para conter a despesa passa por negociar com os laboratórios de medicamentos para o cancro e VIH/sida de forma a conseguir preços mais baixos - tradicionalmente estas áreas responsáveis pela maior fatia da despesa dos hospitais com remédios. Até porque "o número de doentes em tratamento é cada vez maior" e, por isso, o volume de vendas está condenado a subir.
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Esta será uma segunda frente de ataque à despesa na Saúde, prevista para os próximos meses. Ontem, no balanço sobre a execução orçamental do Serviço Nacional de Saúde (SNS) até Junho, Óscar Gaspar admitiu que os gastos com medicamentos nas farmácias e nos hospitais são "uma preocupação". O governante defende que esta é a "única rubrica nos grandes números" da despesa que não está controlada, porque o retrato traçado pelo ministério à execução é de uma diminuição do défice.
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Notas do Papa Açordas: É bom que estas multinacionais se habituem às regras do país onde estão a exercer funções, e não vejam apenas a obtenção de mais lucros.
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