quinta-feira, 12 de março de 2015

Bem pregava frei Tomás

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"Lamento profundamente não ter tido consciência dessas obrigações", disse no debate quinzenal, de ontem, o primeiro-ministro. Referia-se, claro está, às suas obrigações contributivas, aquelas que ele julgava, à época, serem de carácter opcional. Como disse Catarina Martins, Passos Coelho andou distraído durante cinco anos: não só não tinha consciência de que todos os cidadãos têm de pagar segurança social, como durante o mesmo período de tempo, no momento em que preenchia o modelo B da declaração de IRS, não deu pela existência duma caixinha que refere o carácter obrigatório das contribuições para a Segurança Social.
Resta saber se os portugueses pensam que quem se esquece das suas obrigações contributivas pode ser primeiro-ministro ou não? Se os portugueses acham que alguém que está obrigado a não ter contemplações com quem se atrasa ou que tem uma dívida e espera três anos para a pagar pode ser a mesma pessoa que ignorava uma prestação fundamental para o Estado ou que, já enquanto primeiro-ministro, atrasou o devido pagamento? No fundo, alguém que, com certeza, mudou, mas que durante bastante tempo se seguia por o nosso conhecido "olhem para o que eu digo, não olhem para o que eu faço".
Luís Montenegro, no debate parlamentar, assumiu, com clareza, o carácter político da conduta fiscal e contributiva do primeiro-ministro: "Cada português vai fazer o juízo sobre o comportamento de todos os agentes políticos." É isso mesmo.
(Pedro Marques Lopes - Diário de Notícias)

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