terça-feira, 23 de abril de 2013

Grécia. Estudo prova que cortes são perigo para a saúde pública

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Impacto do memorando na saúde grega chega às páginas de uma revista de saúde pública americana. Há paralelismos com Portugal
Cada vez há mais gregos a recorrer aos serviços públicos de saúde: check. Em Portugal, os utilizadores de consultas nos centros de saúde aumentaram 4,3% em relação ao ano passado. Mas isto significa que as unidades têm mais doentes para seguir com menos dinheiro - o corte orçamental do sistema de saúde grego foi de 23,7% entre 2009 e 2011: check outra vez. As verbas disponíveis no SNS encolheram 6% desde 2011. Se se acomodar o acerto orçamental já atribuído ao chumbo do Tribunal Constitucional, valor que deverá rondar 200 milhões na saúde, o corte chega quase aos 8%. As despesas dos hospitais públicos gregos diminuíram 12,5% nos dois primeiros anos de de austeridade, mas 75% do resultado veio de cortes nos vencimentos: check. Em Portugal os hospitais baixaram 12% os custos nos últimos dois anos. Da mesma forma, cerca de 70% do corte foi nos salários. E parte regressa já este ano, com reposição de subsídios.
O impacto da austeridade imposta pela troika na saúde dos europeus já chegou à comunidade científica americana com a Grécia a servir de caso de estudo. Um estudo publicado na revista científica “American Journal of Public Health”, das mais cotadas nesta área, analisou a saúde grega cinco anos depois da troika e não é difícil comparar pelo menos alguns resultados com o que se passa em Portugal. Os autores terminam o artigo com o que parece um apelo à revolução: “À medida que as populações da Grécia e de outros países europeus enfrentarem políticas de austeridade sem precedentes, os perigos para a saúde pública vão, provavelmente, aprofundar-se. A menos que a resistência popular leve à derrota dessa política.”
O trabalho é assinado por investigadores gregos e foi supervisionado por Howard Waitzkin, da Universidade do Novo México, nos EUA. A falta de meios e o descontentamento dos profissionais devem ser motivo de preocupação, avisam. Mas na saúde pública, em que pesam variáveis como o desemprego, existem outras indicações que os levam, por exemplo, a considerar “trágico” que a Grécia se tenha tornado um teste do impacto de determinantes económicas e sociais na saúde e no bem-estar das populações.
Notas do Papa Açordas: Apesar dos nossos famigerados políticos no poder afirmarem que Portugal não se compara com a Grécia, o que constatamos é que essa similitude existe e é real. Todo o português sabe que hoje é mais difícil arranjar uma consulta no SNS que há dois anos. Tudo, graças a esta corja que nos desgoverna!...

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