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Comissão Europeia e banco Goldman Sachs alertam para o risco que a fragmentaçãodo mercado de crédito na zona euro significa para as empresas - e para a retoma
“Portugal não é Chipre”, “Portugal não é a Grécia” - para as empresas em Portugal que se dirigem aos bancos à procura de crédito para investirem tudo isto são frases sem significado, a avaliar por dois indicadores ontem publicados, um pela Comissão Europeia o outro pelo banco de investimento Goldman Sachs.
A banca em Portugal integra um grupo de países cujo sistema financeiro está falido ou em alto risco - Chipre, Grécia e Eslovénia -, que lideram nos juros cobrados no crédito às empresas, sublinha a Comissão Europeia. Por outras palavras: as empresas em Portugal que queiram investir pagam taxas de juro aos bancos significativamente mais altas que as suas concorrentes no Norte da Europa, um fosso que ameaça o início da recuperação económica, avisam quer a Comissão Europeia, quer o banco de investimento Goldman Sachs.
“Em Janeiro de 2013, as taxas de juro mais altas no crédito a empresas foram registadas na Grécia, em Chipre, Portugal e Eslovénia, seguidas de Malta, Itália e Espanha”, identificam os técnicos da Comissão no relatório trimestral sobre a economia da zona euro. “Isto não augura nada de bom a favor da recuperação nestas economias, já que é obviamente mais difícil para as empresas domésticas expandirem a sua quota de mercado de exportação sem acesso a financiamento comportável”, acrescentam.
Em meados do ano passado, com a crise da dívida soberana ao rubro em Espanha e em Itália, o contágio das finanças públicas aos bancos levou os custos de financiamento nos países periféricos a baterem no tecto - isto ao mesmo tempo que no Norte da Europa as empresas desfrutavam de financiamento mais barato. O anúncio do programa de compras de dívida pelo Banco Central Europeu (BCE), em conjunto com as operações de cedência de liquidez aos bancos e as descidas da taxa directora, suavizaram o fosso entre Norte e Sul, mas o problema de fundo mantém-se.
“Enquanto os custos de financiamento diminuíram no final de 2012 para mínimos históricos em alguns dos chamados ‘países do Centro’, sobretudo Alemanha e Áustria, permanecem elevados em alguns dos países vulneráveis do euro, como Portugal e Espanha, apesar de quedas recentes”, aponta o relatório da Comissão Europeia.
Notas do Papa Açordas: Este desgoverno, por várias vezes, tentou passar a mensagem de que "Portugal não era a Grécia", nada de mais errado. Quanto a mim, e a muitos portugueses, "Portugal é pior que a Grécia"...
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