quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Portugal regressou aos mercados. Continua o pesadelo, parte II

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Economistas da oposição defendem que o regresso antecipado ao mercado não se vai traduzir numa redução da austeridade
A notícia de que Portugal regressou aos mercados está longe de ser considerada positiva por unanimidade. O Estado português colocou esta terça-feira 2,5 mil milhões de euros de dívida sindicada a cinco anos. Mas nem o regresso se traduzirá numa redução da carga de austeridade sobre os portugueses nem esse feito se deve em grande medida às políticas de austeridade aplicadas pelo governo no último ano e meio e ao esforço exigido aos portugueses.
“O regresso aos mercados é feito para cumprir uma das regras impostas pelo Banco Central Europeu (BCE)”, quando definiu que a compra de dívida dos estados dependia da sua capacidade de se financiar de forma independente, explica Octávio Teixeira, antigo líder parlamentar do PCP. Mas a colocação de dívida desta semana “não vai alterar em nada os pacotes de austeridade, nem a garantia de recessão económica para este ano, não vai reduzir a taxa de desemprego” no país, garante o economista.
Pelo contrário, os efeitos podem até ser os de um agravamento do panorama orçamental, porque “esta colocação de dívida destina-se a substituir dívida antiga, com juros mais baixos, por nova dívida, pela qual são cobradas taxas mais altas que as anteriores. Pelo que vamos pagar taxas de juro mais elevadas”, diz Octávio Teixeira, que se refere ao regresso desta semana como uma “operação de marketing político”, porque a suavização de austeridade, que “é a questão central, nem sequer é tocada”.
O deputado João Galamba sublinha que Portugal beneficiou de uma “descida generalizada dos juros”, uma descida independente da situação financeira dos países e que é fruto das garantias de Mário Draghi, presidente do BCE, sobre a possibilidade de uma compra ilimitada de dívida dos diversos estados. “Os juros baixaram sempre que o BCE se mostrou disponível para intervir”, relembra o socialista, para explicar que “a causa dessa descida não pode estar nas políticas de um país, mas na política comum” da união económica. E é esse dado que agora “permite abrir o debate sobre a austeridade” e que levará à conclusão de que a aplicação de medidas restritivas “é uma opção política”, porque “se a austeridade não serve para regressar aos mercados, não serve para nada”. O regresso de Portugal ao financiamento independente representa, para Galamba, uma “separação entre a política orçamental e a política financeira”.
Notas  do Papa Açordas:  Não percebemos como é que o desgoverno se embandeira em arco quando, na realidade, limitam-se a trocar dívida aceitando juros mais caros... isto é, contraem uma nova dívida  para pagar outra prestes a vencer!...

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